Despedida (Piloto)

Erik se despede de todos. Abraça e beija sua mãe, suas irmãs e irmãos pequenos. Cumprimenta Ingvaar. Cumprimenta seu pai.

- Até breve meu pai! Minha mãe! – Disse Erik.

- Que as bênçãos dos Divinos estejam com você meu filho! – disse Suzanna.

- Até logo irmãozinho! Se cuide! – Disse Ingvaar.

- Até logo maninho! – Disse Lisanna.

Ele para diante da ruiva Marion-olhos-de-esmeralda. Silêncio. Ele olha para ela, mas esta permanece de olhos abaixados, tentando segurar as lágrimas. Seu coração desejava que o jovem ferreiro-guerreiro Thorvaldson não fosse ainda. Estaria apaixonada? Ou apenas o início da saudade de alguém que em pouco se tornara aquele com quem mais conversara? Ela diariamente o visitava na ferraria e ficava vendo-o trabalhar no forje de armaduras, espadas, lanças, machados, ferraduras.

Na verdade estava confusa. Pois Ingvaar foi o primeiro homem por quem se apaixonou. O homem que salvou seu país, sua mãe, sua rainha, sua vida. Mas o jovem irmão de Ingvaar é com quem ela começou uma amizade que, aos poucos, sem que ela percebesse, despertou algo mais profundo e forte. Admirava os dois irmãos, mas sabia que Ingvaar nunca corresponderia ao seu amor, já que os Thorvaldson não casam mais de uma vez. Suzanna, Lisanna, Ingridd e Liv já sabiam. Ela conversara muito com elas sobre isso, especialmente com Suzanna, sua mãe adotiva. Lars também havia percebido. Ingvaar veio a notar bem depois, pois não era muito atento a isso. Mas sua intenção em trazer a filha de seu melhor amigo era em sua honra e que ela se casasse com um de seus irmãos. Ele se afeiçoou a garota, e a sempre tratou com muito carinho e consideração como a uma irmã mais nova ou filha.

Isso era tudo novo para Marion. Todas as cidadãs de Frau, especialmente as amazonas, eram instruídas a tratar os homens com desprezo, como objetos. Mas há uma curiosidade sobre ela dita pela Rainha Wanessa a Ingvaar. Depois da mudança do Reino de Braga para Frau, Marion é a única que foi fruto de um amor verdadeiro, a saber, de sua mãe Sonya e seu pai Marcus Marcelus, o leão dourado-olhos-de-esmeralda.

Erik quem descobriu que ela é uma Thorvaldson quando foi reforjar a espada dela. Marion é uma descendente por parte de Emil, o neto desaparecido de Erik Thorvaldson, filho de Thorvald, o primeiro dos Thorvaldson. Assim a alegria em recebe-la era muito maior. De fato ela é uma parente e isso explica a espada ser de tão alta qualidade, pois foi forjada pelo próprio Emil e a habilidade da jovem amazona de 17 anos com a espada.

Ela olha com um ligeiro rabo de olho. Olhos um pouco vermelhos. Lágrimas caem de seu rosto. Mas ela não diz nada. Muito menos ele. Ele, então, caminha em direção aos portões da cidade, passando por meio da multidão que o cumprimenta. Estava indo para o posto militar do norte onde estava a décima legião, comandada por seu primo Ivar. Seu outro irmão, Jarvis, também estava lá.

Mesmo em meio a multidão ele se destaca pela sua altura. Está próximo do portão. É saudado pelos soldados que estão de guarda. Cruza o portão. Marion não diz nada, apenas olha com os punhos cerrados, deixando vir à mente os momentos que passou ao lado de Erik. Seus olhos verdes irradiavam um brilho diferente, um tonalidade de verde triste, visível através das lágrimas que insistem em cair.

Era costume dos Thorvaldson entrarem em casa somente após aquele que saia de sua casa seja um familiar ou um visitante, sumir no caminho diante dos seus olhos. Isso acontecia após cruzar a ponte sobre o Rio Kaiser. Ele não olha para trás, segue o seu caminho, ele seguirá passando a ponte e entrará à esquerda em direção ao pé das Montanhas Brancas. Retornaria a Sierudsig daqui a um ano, ou bem mais que isso. Antes salvo coisas importantes, como um possível casamento. Os Thorvaldson gozavam de alguns privilégios, por serem os fundadores da força militar mais poderosa de Welt, a Legião de Ferro.

- É assim que vai ser? Deixarás que ele vá embora? Não desvelarás o que está em seu coração? – disse Suzanna de maneira maternal.

O coração dela acelerou. Mais uma vez se lembrou dos momentos desde que encontrou Ingvaar até conhecer Erik. As lágrimas caíram de seu rosto. A intensidade da saudade aumenta, mas muito mais que isso. Um arrependimento começa nascer em pensar que o deixaria ir embora sem expressar o quanto ele agora significava para ela. A força disso a impulsionou. Num ímpeto ela sai correndo atrás dele sendo acompanhada pelo seu cão, ainda filhote da raça de cão-lobo gigante criada pelos Thorvaldson, que ela ganhou como é costume da linhagem ganhar um para ser seu animal de estimação e de guarda. O dela ela chamou de Puppy.

Ela passa por meio das pessoas que circulam na rua para comprar nos mercados da cidade. Sierudsig é uma cidade que tem cinco mil pessoas. Ultrapassa os portões. Era primavera, portanto não era difícil caminhar na estrada, mesmo estando frio. Erik estava chegando próximo a cabeceira da ponte. Ele ouve passos de alguém correndo atrás dele. Puppy late. Ele para e percebe que quem veio está a menos de dez metros. Vira-se e vê Marion.

Silêncio. Eles não falam nada um para o outro. Ambos se fitam. Olho no olho. Aos poucos ela caminha até ele que espera. O abraça apertado. Ele a abraça. Ficam assim por algum tempo. O coração dela está disparado. Sente aquele frio na barriga e as lágrimas mostram um misto de alegria de abraça-lo com a saudade e o desejo de que ele não fosse. Talvez o visse novamente daqui a um ano, talvez mais. Não sabia. As perguntas de Suzanna a fizeram perceber qual escolha deveria fazer.

Ela está com o rosto colado em seu peito. Ele inclina a cabeça, cheirando seus cabelos e beijando o alto de sua cabeça. A garota levanta os olhos e o fita. Os olhos verdes da garota encaram os olhos prateados do rapaz. Lágrimas escorrem dos olhos de Marion e a tonalidade verde dos seus olhos muda para um verde mais vívido, semelhante ao brilho de uma esmeralda. Os olhos de Marion não mudam de cor como de verde para azul ou vice-versa de acordo com o estado emocional. Eles continuam verdes, mas mudam a intensidade do próprio verde.

Se encaram enquanto estão abraçados. Nenhuma som sai de seus lábios. Falam com os olhos um para o outro. Erik com a mão direita acaricia o rosto dela, aparando suas lágrimas com o dedo indicador de forma bem suave. Ela ergue sua mão direita e acaricia o lado esquerdo do rosto de Erik. Ficam assim por uns minutos. Se beijam demoradamente. Era o primeiro beijo de ambos. Se olham novamente e depois se beijam. Ficam de mãos dadas um de frente para o outro. Um beijo de despedida. Sorrisos. Ela olha ele caminhar, atravessando a ponte até sumir na estrada, tomando a via esquerda. Antes de desaparecer da visa dela ele vira e acena. Ela acena de volta. Ele desaparece de sua vista rumo ao seu destino.

Ela volta para casa caminhando lentamente e meditando em seu coração. O seu semblante estava irradiante cujos olhos verdes tinham uma tonalidade majestosa da esmeralda, pois sem palavras, ambos desvelaram o coração um para o outro. Ela finalmente chega ao seu novo lar. Lars e Suzanna a estão esperando. Ela abraça sua mãe adotiva, agora futura sogra. Está feliz. Lars olha para a garota e sorri. Entra deixando as duas sozinhas.

De modo maternal, Suzanna olha para a garota e sorri.

- Vamos entrar! – disse ela a Marion.

As duas entram em casa.

Dasein eewans
Enviado por Dasein eewans em 07/08/2023
Código do texto: T7855226
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