ENCONTRO CASUAL


     Um encontro casual; uma troca de 
olhares profundos em poucos momentos 
em determinado dia que  saía do trabalho
 para casa. Caminhava para 
o estacionamento, devagar, sem pressa, 
havia tido um dia satisfatório, e estava 
satisfeita comigo mesma. Em minha 
direção ele vinha caminhando também 
a passos largos, porém sem pressa. Por 
um instante  nossos olhos se fixaram e vi 
naqueles olhos negros, uma beleza e um
 brilho diferente, e senti que meus olhos 
também o fitaram com a mesma intensidade.
 Espantada, pela beleza do olhar, curiosa, 
olhei para trás e ele estava parado me fitando. 
Caminhei para a garagem e saí. Ao passar por 
ele, recebi um lindo sorriso e um aceno. Sorri 
e dei um toque na buzina. Meu coração disparou 
pelo desconhecido, e não entendi o porquê.
     No dia seguinte, se coincîdência ou não, lá estava 
ele no mesmo lugar, mas um pouco mais perto
 da entrada da garagem. 
     Desta vez pude ver seus olhos bem mais perto
 e senti um calafrio percorrer meu corpo. Fitei 
seus olhos e foi como se falássemos um com o 
outro sem dizer palavra. Em seus lábios um
 ligeiro ar de sorriso o que o tornava muito 
mais bonito. Estava fascinada por aquele 
estranho, moreno, alto, magro, seus cabelos
 muito finos caíam um pouco na testa, muito 
negros; ele era um homem de chamar a atençaõ
 e ainda porque parecia ser muito simples e até 
um pouco timido.
     Tivemos vários desses encontros casuais,
 e sempre ao passar por ele de carro, acenava
 como se fõssemos velhos conhecidos. Neste dia, 
jogou um beijo com a mão e eu respondi ao aceno.
     Foi no sinal da semana que aconteceu. Eu já 
caminhava em direção a garagem e ele veio
 andando vagarosamente em minha direção.
 Eu, com o coração  aos pulos fui andando para
 perto dele, e nossos olhos, apenas nossos olhos
 se fitavam intensamente. Quando ficamos perto,
 ele me abraçou ternamente, sem dizer palavra, 
acarinhou meus cabelos e com suavidade e muita
 ternura me beijou. Nesse instante me senti fora do
 chão. Não sentia nada, não ouvia nada em volta,
 apenas me deixei envolver pelo seu beijo doce, meigo, carinhoso.
Depois com um abraço forte, olhou fixamente em 
meus olhos e com uma voz rouca, emocionada e
 baixinho disse que na semana estaria ali novamente e conversaríamos.
     Em seu olhar, em suas palavras, seu jeito de me
 abraçar, havia algo de tão sincero, fantásticamente 
original e   eu nunca tive uma experiência desse jeito.
     Estava alí o homem que sonhara encontrar, seu 
tipo, seu beijo, seu abraço, aqueles olhos significativos,
tanta a emoção que me passou!
     No caminho de casa fiquei pensando no acontecido, 
não sabia seu nome, não sabia quem era. Provavelmente trabalhava por ali também. Usava terno, bem vestido,
 o tipo que , apesar do calor parecia ter acabado de 
tomar banho. Mesmo assim, sem estar acostumada 
com situações assim, na segunda feira ao chegar 
para o trabalho, mudei de garagem. Mudei para 
outra entrada em que por isso teria  que dar uma 
volta , fazer um retorno para pegar a minha
 avenida, pois aquela era a saída que dava para
 a zona sul. Ao subir o viaduto o vi. Ele estava lá,
 parado no mesmo lugar a minha espera. Tola 
que fui.
O vi lá naquela entrada da garagem por umas 
duas semanas, até qeu ele desapareceu. Desistiu, certamente. Pois  ele sumiu.
     Não esquecerei jamais esse episõdio em minha 
vida e minha estupidez em jogar fora um sonho
 que poderia ter realizado e por temer...abandonei.
     Ainda consigo ver aqueles olhos e aquele sorriso
 sincero, doce e meigo. Mas não soube aproveitar
 e sem mesmo entender, fugi do que poderia ser
 minha alegria, a alegria e a possibilidade  de ter 
um amor de verdade.
     Mas o medo de novo sofrer me fez fugir do que
 poderia ser bem diferente. 
     Durante uns poucos dias fiz o mesmo trajeto,
 mas ele nunca mais apareceu. 
     Ficou para mim como se tivesse sido um sonho.
 Um sonho muito bom e que ao acordar nada havia 
realmente.
     Por medo de sofrer,,,sofri. Não tive coragem de 
arriscar e sozinha fiquei...nunca mais o vi.
naja
Enviado por naja em 11/03/2008
Reeditado em 27/11/2008
Código do texto: T896930