Fragmento de Menina
... dizem que nada entende daquilo que dizem.
Ora, pequena menina, não sou tudo isso. Aquilo que pensas e dizes, que sou o único que te compreende, que entende e sabe o que dizes... Nem sou tão especial assim, como dizes.
As pessoas não sabem o que falam...
Dizem querer serem respeitados, mas não aceitam as diferenças. Aceitam o seu próprio desrespeito. Que aceitem. Ora, mas, como? Querem ser aceitos e não aceitam. Como pode ser assim? Aceitam apenas a limitação da diferença. Que seja dentro de limites estabelecidos por eles mesmos. Impõe o que pensam. Assim aceitam. O igual se faz diferente na superficialidade da aparência. Que diferença!
São mortos! Defuntos transeuntes! Vivem na morte pálida e plácida. Morrem a cada instante. Nunca vivem. Ora, como podes? Como vivem nessa morte-ruptura com a vida viva? São vivos: sempre se vêem assim. Aquilo que pensam, nunca vai além dos limites do pequeno quarteirão em que foram concebidos. Em alguns lugares, não saem do próprio feudo e pensam ser sabidos do mundo. Absurdo!
...
Sabes que quando sai de si, linda menina, depara-se com o mundo. O mundo vivo dessa infecunda vivência...
Seria tão mais fácil a simples verdade ao complexo absurdo que pensam ser vivo, ser vida nunca vivida, nem sofrido e... São felizes!
Sim...
Continuemos, menina...
...