CONTATOS IMEDIATOS DO 3º GRAU

Olhando para o céu, pude notar que novamente uma grandiosa e inesperada chuva de estrelas acontecia e de certa forma ilógica.

Geralmente a visão que se tem, dos meteoritos que caem são de uma incrível rapidez e com isso logo desaparecem quando se queimam na entrada em nossa atmosfera e sempre vemos durante a noite.

O que acontecia naquele momento, no entanto, era algo muito diferente das chuvas de estrelas tão comuns e costumeiras, especialmente em noites quentes quando se costuma sair para respirar ou mesmo admirar o céu e que se vê com clareza em noites limpas e sem nuvens.

Naquela noite, eu via de uma forma diferente um acontecimento que, para muitos, poderia parecer até normal, não fosse o caráter e o sentido do referido fato.

As estrelas, ao invés de se deslocarem de cima para baixo, como é comum, devido à sensação que se tem em virtude da curvatura do espaço, elas subiam, faziam outro caminho, o que de certa maneira era realmente algo anormal e inusitado.

Em certo momento, percebi que elas demoravam em desaparecer. As estrelas cadentes deixavam um rastro que poderia ser visto por minutos e não apenas por segundos.

Atento e procurando visualizar de forma mais apurada o acontecimento, vi que algumas paravam e continuavam acesas como se fossem tochas nos céus, tentando iluminar o caminho de homens que vivem e habitam este pobre e sofrido planeta.

Enquanto eu observava o insólito fato que acontecia, podia ouvir os sons que se sucediam como se fossem roncos e atritos de objetos jogados ao chão, porém de uma forma suave e ondulatória. Não eram sons agudos ou estridentes, eram apenas sons suaves e macios, como se eles pudessem ser tocados e acariciados pela mão e não pela audição.

Durante momentos em que sentia aquela doce e deliciosa sensação de poder tocar os sons, ouvi um leve sussurro de palavras que me eram dirigidas dizendo para não desanimar que o mais fantástico, ainda estava por aparecer.

A princípio, pensei que minha imaginação me pregava peças e que tudo não passava de coisas de minha cabeça que procurava encontrar o absurdo e o fantástico onde ainda não era possível ser encontrado.

Tentando afastar de meu pensamento as palavras que eram sussurradas de forma suave e carinhosa, senti um arrepio que passava por meu corpo como se fantasmas passassem por mim, trazendo consigo os costumeiros arrepios tão comuns àquele que sente medo.

O medo em mim já há muito era coisa do passado, nada mais me assustava. Naquele momento, porém, algo de diferente acontecia comigo, aliado ao frio que me acometera, os pelos do corpo se arrepiaram e fiquei ainda mais intrigado com tal situação.

Tentando ser racional neguei de forma imediata a existência de algo que pudesse ser sobrenatural, porém novamente a voz dizia:

"Aguarde, que irá ver coisas que ninguém ainda conseguiu ver e com certeza irá mudar todos os conceitos que possa ter sobre tudo que viu e sentiu até a presente data. Não se assuste, acalme-se e aguarde".

A ansiedade me tornava ainda mais nervoso ao ter que vislumbrar estrelas cadentes que teimavam em ficar paradas no espaço e que desafiavam toda e qualquer lógica do conhecimento humano.

Enquanto tentava analisar os fatos, veio a minha mente a tão conhecida frase de Shakespeare: "Existem mais coisas entre o céu e a terra, do que possa imaginar vossa vã filosofia"

O pensamento se alternava em minha mente que procurava respostas racionais para o que via ou ouvia ou pensava ouvir.

Os sons continuavam a acontecer de uma forma ininterrupta e se alternavam como se possuíssem cores e formas e eu os sentia como macios e sedosos.

Enquanto procurava o racional, somente o irracional se manifestava. Dentro das leis das probabilidades e da lógica, estrelas não sobem, os sons não têm cor, nem tampouco são formas que possam ser tocadas por alguém, talvez apenas pelo pensamento.

Em determinado momento, dez ou doze estrelas que estavam paradas começaram a rodar, umas em torno das outras e com isso passaram a formar um círculo em torno de uma que parecia ser maior que as outras.

Enquanto eu imaginava que algo de extraordinário iria acontecer, novamente aquela voz, dentro de minha cabeça, dizia para aguardar. O fato anunciado ainda não seria aquele e sim outro ainda mais fantástico.

Naquele momento, na minha lógica que parecia e queria ser racional, eu questionava o que poderia ser ainda mais fantástico que aquilo?

Naquela hora, notei que nuvens escuras se aproximavam do local onde a estrela estava e o que poderia ocasionar a interrupção de tão fantástico "balé" que era executado magistralmente pelas estrelas, que eu já admitia serem os tão falados "discos voadores".

Olhei ao meu redor e notei que mais ninguém estava por perto para poder atestar perante qualquer outra pessoa fatos tão inusitados e estranhos.

O meu pescoço começava a doer em razão da posição em que me encontrava naquele momento. Já ha mais de dez minutos estava olhando o céu, aguardando o desfecho de alguma coisa espantosa e mesmo fantástica que viesse mudar todos os conceitos que se tem de OVNIS ou de fatos estranhos e insólitos.

O frio aumentava, as nuvens haviam passado por debaixo das "estrelas" e os sons continuavam a mostrar-se e tomar forma dentro do meu pensamento. Eu imaginava poder pegar e sentir os sons, como se fossem algo concreto, algo físico e não apenas ondulações de ondas vibratórias.

Enquanto eu procurava analisar a enormidade de pensamentos que se sucediam dentro de minha cabeça, podia sentir a maciez e suavidade dos sons, como se pudesse pegá-los e senti-los fisicamente.

Muitos absurdos passavam por minha cabeça.

De repente, todas as "estrelas" se juntaram e fundiram-se em uma só, emitindo a partir daquele momento várias nuances de cores que pareciam um arco íris. As cores piscavam e formavam um verdadeiro caleidoscópio, enquanto os sons passavam a ter uma suavidade ondulatória com tonalidade de música.

Enquanto tudo acontecia, eu ouvia distantes sinos que tocavam e anunciavam algo que eu ainda não sabia e talvez nunca viesse saber. Os sons dos sinos distantes não davam condições de identificar a direção de onde vinham.Eu sabia que naquelas redondezas não existia igreja ou mesmo algum lugar que usasse de tal tipo de chamamento.

A grande estrela ou Ovni começava a descer lentamente, enquanto os sons aumentavam e as palavras que se sucediam agora de forma inteligíveis e difusas criavam dentro de minha mente um campo de batalha entre o racional e o irracional.

Os arrepios que haviam diminuído voltaram de forma intensa como se uma rajada de vento frio cortasse a planície e trouxesse consigo o medo e o pavor de algo ainda não conhecido.Embora geralmente eu não sentisse medo, naquele momento um arrepio passou por meu corpo, enquanto eu procurava através de olhares rápidos as possíveis rotas de fuga.

Eu sabia que algo de novo e aterrador estava para acontecer. As vozes, no entanto, falavam de forma suave como se fosse melodia.

"Calma, não se amedronte, nada tem a temer, irá ver o que há de mais fantástico que se possa imaginar".

Mesmo assim, a precaução me obrigava a planejar uma possível fuga.

Enquanto procurava encontrar um caminho para fugir e me esconder em caso de algo mais estranho, vi uma figura que se aproximava.

Ato contínuo, um estridente apito cortou o ar fazendo-me acordar de tão conturbado sonho. O som abusado do despertador me furtava de um contato imediato de terceiro grau.

Naquele momento, ficou apenas a frustração de não conseguir distinguir o sonho da realidade, nem tampouco saber se seria possível através dele realizar o que muitos procuram e nunca conseguem. Fazer contato com os tripulantes dos Discos Voadores através do sonho e transportar para nossa realidade algo que julgamos ser irreal.

03/07/03- VEM

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 02/03/2006
Reeditado em 09/04/2009
Código do texto: T117589