Últimos segundos... (mini conto)

“Tira as mãos do bolso. Sente o perfume das campânulas azuis invadirem o seu corpo. Tenta imaginar como pode viver sem o medo asfixiante. O cérebro parece pulsar. Medo? Sim! Viver lhe dá medo! A água entoa uma canção de amor. Tira os sapatos e entra no rio. Não afunda! Olha o riso espumante dos seixos. Apanha um punhado. Outro punhado maior. Coloca nos bolsos. As pedras parecem gargalhar. O fundo do rio é um berçário de vida. Acaricia o seu ventre; seco. Estéril? A vida borbulha. Uma bomba alemã explode lá fora. Terror. Sente protegida. Tem a sensação de ser envolvida pelo líquido amniótico.. Resolve ficar.”

À Virginia Woolf.