DEMÔNIOS NÃO MORREM
 
 
Começou com uma sensação de estar sendo observado. Mas não é bem o que você esta pensando, não estou falando daquele sentimento ruim quando estamos sozinhos em casa e ouvimos todo tipo de “barulhinho assustador”. Quando eles me procuraram em busca de ajuda, isto acontecia com toda a família, podiam estar sozinhos ou na companhia um do outro, bastava cair à noite e lá vinha aquela sensação sinistra de estarem sendo observados, como se fossem ovelhas sendo espreitadas por lobos aguardando o melhor momento para o ataque. Já não sabiam mais o que fazer, achavam que era a casa que estava amaldiçoada, por isso se mudaram diversas vezes, mas não adiantou. Chamavam amigos para jantar com freqüência, tolamente se sentiam mais seguros, que na presença de outros eles não se manifestariam. Estavam enganados. As outras pessoas também sentiam e às vezes iam embora sem nem tocar na comida, alguns chegavam a passar mal. Ninguém aceitava um segundo convite. Até familiares passaram a evitar o convívio com a família, quanto mais à presença de outras pessoas ficavam escassas, mais forte ficava a sensação dos demônios orbitando ao redor daquela pobre família.
 
O segundo tipo de manifestação talvez tenha sido o mais pavoroso para eles, foi quando os demônios começaram a brincar com eles. Eles se manifestavam através de seus maiores medos. Com as filhas gêmeas foi através dos medos que todas as crianças têm, amplificado infinitamente.
Uma tinha medo de dormir com os pés destapados, e apesar de dormir inteiramente tapada e com a luz acesa, acordava no meio da noite em plena escuridão sentindo a respiração quente de presas roçando os seus pés descobertos.
A outra tinha medo de que algo saísse de baixo da cama. E todas as noites algo saía. Começava com vozes baixinhas em uma língua ininteligível, depois apareciam garras disformes se projetando de baixo da cama que viravam uma aberração inenarrável, um ser amaldiçoado que se arrastava de baixo da cama e seguia esgueirando-se pelo chão em direção ao restante da casa, muitas vezes sumindo sem deixar qualquer vestígio.
O pai e a mãe passaram a ter pesadelos horríveis com as crianças, algo tão real que levavam dias para se refazer e muitas vezes ficavam a beira da loucura tamanha a sensação de impotência e incredulidade das pessoas a quem buscavam ajuda.
O terceiro estágio foi a possessão. Os demônios brincavam tomando a vontade ora de um dos pais, ora de uma das filhas. A pessoa da família que estava possuída fazia coisas tenebrosas como engatinhar pelo teto, mover objetos, fechar portas e todo tipo de coisa do gênero.
 
Quando me procuraram já não tinham mais esperanças, haviam tentando de tudo: padres, místicos, cartomantes e todo tipo de sensitivos. Nenhum conseguiu acabar com os demônios, é bem verdade que realmente se esforçaram, pois alguns chegaram a morrer na tentativa de eliminar os demônios.
 
Fui o único que consegui acabar com seu tormento e lhes trazer um pouco de paz. Para falar a verdade, foi até fácil, pois há muito tempo atrás passei exatamente pelo que eles passaram e encontrei a solução. Bastou eles fazerem como eu e se converterem à minha religião. Hoje são todos meus irmãos de seita, pois como eu acabaram descobrindo que é impossível desafiá-los quando eles nos escolhem, pois demônios não morrem.
 
 
 
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