A SEITA DOS PRAZERES SECRETOS
 
 
Aviso do autor: ATENÇÃO, este texto contém trechos eróticos. Quem não aprecia este tipo de narrativa, pare por aqui.
 
 
 
O segredo era que todos eram assassinos. Agora ele sabia, era a única forma de ser realmente um integrante.
 
O discípulo iniciante de 36 anos baixou os olhos para a bela mulher nua deitada a sua frente em uma espécie de bancada, pelo seu estado letárgico era visível que estava sob o efeito de alguma droga. Ele estava em um grande salão em algum lugar remoto da França, o lugar era luxuoso, todos os presentes estavam despidos, a única parte coberta do corpo eram suas cabeças que ostentavam estranhos capuzes vermelhos e garantiam o anonimato dos participantes. Eram ao todo 30 pessoas, incluindo os dois casais de mestres, que ostentavam no peito medalhões de ouro cravejado de brilhantes. Cada um tinha uma simbologia própria que representavam os 04 elementos: água, terra, fogo e ar.
 
Vá em frente, disse ele a si mesmo. Não fraqueje agora.
 
Como rezava a tradição, ele havia passado por diversos níveis ao longo dos anos. Cada vez chegando mais longe, cada etapa uma prova de confiança maior. Agora estava prestes a cruzar a última linha, uma honra reservada a muito poucos, para ser mais exato, um direito restrito a somente 30 pessoas no mundo.
 
O grupo que o rodeava era de uma beleza física espetacular, sempre em números pares, um homem para cada mulher. Muitas daquelas pessoas ocupavam lugares de poder lá fora, mas ele sabia que seus status mundanos nada significavam entre aquelas paredes. Ali todos eram iguais e estavam unidos pelo mesmo propósito: Prazer... Prazer em todos os sentidos... Prazer sem limites... Prazer proporcionado pela mais absoluta liberdade de atos.
 
Correndo os olhos pelo impressionante grupo, o iniciado se perguntou quem, no mundo exterior, seria capaz de acreditar que aqueles homens e mulheres, tão poderosos pudessem se reunir em um mesmo lugar para praticar tais atos.
 
O salão estava iluminado por uma série de velas minuciosamente posicionadas. Seu brilho fraco era complementado apenas por um facho de luar que entrava pela grande clarabóia do teto.
 
- Chegou a hora – sussurrou uma voz.
 
O iniciado deixou seu olhar subir até o rosto do homem que tinha acabado de falar - um dos mestres, o do colar da terra – que pelo porte físico e timbre da voz, devia ter entre 40 e 50 anos, diziam que era um ícone nacional e dono de uma fortuna incalculável.
 
- Tome o que é seu por direito – disse o homem enquanto apontava para a mulher em frente ao discípulo – Entrego-lhe esta fêmea para satisfazer seus desejos carnais. É sua a honra suprema de iniciar os rituais.
 
O discípulo deitou-se sobre a mulher e a penetrou inicialmente com sutileza para logo em seguida aumentar o ritmo conforme o desejo inundava seu corpo. Assim que acabou, ouviu novamente a voz do mestre: - Agora é nossa vez de satisfazer nossos instintos.
 
Um a um os quinze homens abusaram da pobre mulher de todas as maneiras imagináveis, no principio ela ainda tentou esboçar uma tênue reação, mas os efeitos da droga e as investidas incessantes logo remeteram suas súplicas a débeis gemidos baixos e ininteligíveis.
 
Neste ínterim, tudo havia se transformado numa orgia geral entre os homens e mulheres presentes. Ficaram horas assim, até que o cansaço gradativamente foi vencendo a volúpia sexual dos participantes. A mulher ainda vivia, mas estava inerte junto ao chão, sua pele revelava diversos hematomas, arranhões e mordidas. Fruto da selvageria desenfreada a que fora submetida. Seu corpo parecia uma boneca de alguma criança levada que após satisfazer as vontades da dona era atirada de qualquer jeito em algum canto qualquer. Estar viva não fora uma questão de sorte, mais tormentos a aguardavam, mas por ora ela teria que esperar.
 
O segundo mestre, o do fogo, aquele que nunca falava. Fez um gesto firme e calmo e de imediato algumas cortinas foram levantadas revelando uma cena aterradora. Como se fossem atrações de um espetáculo bizarro, quatro jaulas apareceram trazendo em seu interior pessoas encapuzadas. A diferença em relação a pobre mulher que foi covardemente sodomizada é que os 02 homens e as 02 mulheres, apesar de amarrados e amordaçados não estavam drogados. Num requinte de crueldade, tinham a mais lúcida e completa compreensão da sua situação.
 
Sem dizer uma palavra, a mulher com o símbolo da água se dirigiu até a primeira jaula, cujo formato cilíndrico e estanque era um prelúdio funesto do que estava para acontecer. Para completo deleite dos participantes, ela puxou uma alavanca e a água começou a emergir com força selando o destino da desesperada mulher que se encontrava em seu interior. A platéia observava extasiada enquanto a morte vinha sem pressa buscar sua oferenda.
 
Agora foi a vez do mestre de voz sussurrante, caminhou com passos firmes e decididos até a jaula de vidro que mais parecia um caixão devido ao seu formato retangular e com altura relativamente baixa. Os requintes de crueldades pareciam uma disputa pessoal entre os mestres a julgar pelas suas atitudes. O Mestre da Terra agachou-se ao lado do “caixão” de vidro completamente transparente e em meio a uma gargalhada retirou o capuz do homem indefeso deitado em seu interior. A imagem era de um jovem em torno de uns 20 anos, amordaçado e com os olhos esbugalhados de terror, não parecia um indigente ou algo do tipo, e sim um típico rapaz em idade universitária. Sem demonstrar nenhuma outra emoção além de um prazer insano, o homem acionou um mecanismo e lentamente o jovem foi sendo soterrado por uma terra escura e implacável que tomou seus últimos suspiros.
 
O discípulo iniciante se perguntava se havia ido longe demais em seus esforços de entrar para a seita, enquanto que os demais começavam a extravasar novamente sua libido em meio a movimentos sensuais que lembravam casais dançando alguma música romântica numa pista de dança qualquer.
 
A mestre com o símbolo do ar foi até o palco macabro, era uma loira com um corpo escultural e longos cabelos encaracolados que lhe caiam pelas costas até as nádegas. Seus passos eram leves e seu caminhar lembrava a graciosidade de uma víbora em movimento.
 
Eu conheço este jeito de andar – pensou o iniciante – Meu Deus, de onde eu conheço esta mulher?
 
Como se ouvisse seus pensamentos, num ato de extrema ousadia a mulher retirou seu capuz revelando a plenitude de sua beleza e consequentemente a sua identidade.
 
Eu não acredito – balbuciou em voz baixa o aprendiz em total incredulidade, pois a sua frente estava uma das atrizes mais belas e famosas de Hollywood.
 
Parecendo completamente indiferente a sua perplexidade, ela continuou seu pequeno show, foi até a morena com o símbolo da água e com movimentos sensuais a abraçou por trás, roçando seu corpo nas nádegas da outra enquanto a envolvia num abraço sensual, com suas mãos oscilando pelas coxas e seios até chegar ao clitóris da morena que arfava e gemia de prazer. Sempre movendo-se graciosamente, retirou-lhe bruscamente o capuz e deixando a beleza da morena aparecer em sua total plenitude.
 
O circulo esta se fechando, duas identidades já foram reveladas. Nem em meus sonhos mais impossíveis eu imaginaria uma cena destas – pensou o aprendiz ao se deparar com a identidade da ex-modelo que atualmente era esposa do presidente de um importante país europeu.
 
- O ar é vida. A ausência dele é a morte – Bradou a loira enquanto selava o compartimento da terceira vítima, que em seguida debatia-se contra as paredes transparentes ao ser privada de oxigênio e sentir a vida abandonar seu corpo lenta e inexoravelmente.
 
A loira ria e alternava beijos ardentes com a morena para completo deleite da platéia, alguns se masturbavam, outros transavam e alguns apenas assistiam e apreciavam o espetáculo de sexo e morte.
 
O aprendiz buscava forças para não fraquejar agora, sabia que iria estar envolvido com pessoas poderosas, mas sinceramente não fazia idéia do poder com que estava se deparando. Seus pensamentos voltaram para anos atrás, quando ainda era um jovem agente e o diretor geral do FBI o havia incumbido de uma missão inimaginável. Era tão secreto que o homem havia garantido que eram os únicos que sabiam: - São pessoas incalculavelmente poderosas. Ninguém além de nós pode saber, para sua própria segurança.
Ele era a pessoa certa para isso. Não tinha família. Não tinha ninguém. Foi fácil simular a sua morte e fazê-lo ressurgir como um novo homem, rico e poderoso. Ele havia feito coisas horrendas para seguir até ali, mas era um homem pragmático, era um soldado, se alguns tinham que morrer para muitos outros serem salvos, para ele era apenas uma questão matemática. Nada mais.
 
A cena que viu o trouxe de volta imediatamente do seu flash back. O terceiro capuz havia sido retirado. Nada mais, nada menos do que John Ryan o Primeiro Ministro do Reino Unido. Um dos homens mais ricos e influentes do mundo.
 
- Venha irmão, agora é novamente sua vez de nos brindar com a continuação do rito de passagem – falou ele para o inseguro agente – Pegue a “Adaga da Elevação”. Tome para si a vida desta mulher. Complete sua jornada e se torne um de nós em plenitude.
 
Todos os presentes se ajoelharam em círculo, enquanto ele permaneceu no centro, postando-se agachado ao lado da mulher que havia sido barbaramente estuprada.
 
Não fraqueje agora, a salvação de muitos vale a vida de um inocente – pensou ele.
 
Agarrou a adaga com as duas mãos, elevou-a acima da cabeça. Hesitou por um segundo apenas, mas em seguida aplicou o golpe fatal.
 
Malditos! Mil vezes malditos! São poderosos, mas eu também represento um dos homens mais poderosos da América. Não perdem por esperar, o FBI vai acabar com vocês, vamos matá-los um por um. Só falta o último se revelar – balbuciou ele para si mesmo enquanto era ovacionado pelos presentes.
 
- Irmãos e irmãs. O círculo esta quase completo. Hoje todos os segredos serão revelados.
 
É agora! O Mestre do Fogo irá se revelar – pensou o agente.
 
- Que o sacrifício do fogo tenha início...
 
O mestre do fogo caminhou em silêncio até a última jaula, onde um homem completamente nu e encapuzado agitava-se desesperado. Ele estava de pé, com seus braços abertos e acorrentados contra as grades. O mestre esticou o braço direito até a cabeça do homem e levou o esquerdo até sua própria cabeça, e num movimento simultâneo revelou ao mesmo tempo suas identidades.
 
O agente não conseguiu esboçar nenhuma reação, estava completamente em choque e sua tristeza era indescritível.
 
Sabia que seu destino estava selado naquele segundo, pois homem que estava dentro da jaula era o todo poderoso diretor do FBI. Aquele de sua total confiança, que o havia colocado naquela missão muitos anos atrás. Num ato automático, o desiludido agente cravou a adaga em seu próprio peito, e antes que seus olhos caíssem para sempre na escuridão ainda conseguiu ver quando o Presidente dos Estados Unidos acionou o mecanismo que liberou um verdadeiro mar de chamas no interior da cela em que seu amigo estava aprisionado.
 
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Maddox
Enviado por Maddox em 22/01/2011
Código do texto: T2744608
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