O Mar

O Mar

Ele olhava deslumbrado pela beleza do mar. Todo o dia se precipitava nas águas revoltas do mar, sentia uma espécie de onda cálida percorrer- lhe à silhueta, se entregava sem pejo, deixava fluir... Os dias foram passando, o sol mantinha o calor habitual e o mar era o mesmo, imutável (exceto nas fazes lunares). Isso aos poucos foi dissipando sua fascinação, não era mais o mar, objeto de sua idolatria, ou de sua afeição... Cansara-se, e era justo que estivesse cansado. Assim, o peso dos dias, se arrastavam sobre os seus ombros, olhou-o e disse:

- Que beleza reside em tuas águas?

- Que bem há em ti que não possa encontrar em outro Mar?

E virando-se foi embora... Procurar outro mar que lhe fascinasse com seus encantos...

Passado dois meses, o mar se entregara à solidão, suas águas não eram mais azuis e belas...

Estava triste, as ondas morriam antes de chegarem à praia... Depois de algum tempo, avistou ao longe um garoto, seu coração alegrou-se novamente. “Deve ser ele” pensou... O estranho vinha cansado, arrastando-se pela areia, fraco, ao aproximar-se falou:

- Oi, poderia eu banhar-me em tuas águas? Venho de longe, deixei meu mar em busca de outro que me atraia com seus encantos... Estou cansado!

O mar percebeu que sempre haveria alguém que viria à sua procura, sabia também que ele partiria, pois seus encantos findariam com o tempo. Abrindo suas águas recebeu-lhe de bom grado, malgrado saber que não tinha muito tempo. Fechou suas águas em cima do estranho, ocultando-o para sempre em suas águas misteriosas.

Diego Sousa
Enviado por Diego Sousa em 06/06/2009
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