Roma eterno berço da arte

Um redemoinho de sentimentos invade cada célula, neste turbilhão corrosivo do meu eu! Adormeço, mas nos meus sonhos, a imagem da eternidade auspiciosa, mostra um desvelo transcendental, faz jorrar pelo seu corpo etéreo, toda a sua energia vital para através dela, criar o homem, a sua imagem e semelhança! Portanto, demonstra dessa maneira, com esse ato, um amor imensurável, e ao fazer o fresco, em meados de 1508, o próprio Michelangelo emanava essa energia vibrante, imortalizada na grandiosidade audaciosa da Capela Sistina, e, todo esse contexto, avança para fora dos muros do Vaticano, se espalha por toda a Roma, levantando a consciência deste turista embevecido para o alto, voando além, da magnífica Cúpula da Igreja de São Pedro.

Em meu sonho insano, atravesso a elegante Via Condotti, perpasso pela Praça de Espanha, e fico aturdido com as cores afogueadas das azaléias, ali, plantadas formando um tapete aveludado, cobrindo parte da branca e extensa escadaria, esta mesma, que leva até a Igreja Trinitá Dei Monti. E, assim, tal qual, em um filme de Fellini, modelos e cenários envelhecidos, como extraídos de livros de contos de fada, descortinam a frente. Palácios papais e principescos, um deles, o palácio Innocenziano, construído por Bernini.

O mestre, através de sua escola de artistas, propiciou muito das refrescantes e românticas fontes romanas. No sonho, estremeço da minha imobilidade, de estátua monumental para começar a voar, com asas translúcidas por sobre a belíssima Fonte Di Trevi, como um simples mortal, atiro uma moeda nas suas águas virginais, esperançoso para retornar a revê-la, como também as milhares de visões arquitetônicas e artistas, que sucedem as belas imagens em que a cidade está repleta.!

Atravesso “via por via, “monumento por monumento”, “casa por casa,” estupefato ao ver tanta beleza, paro em frente ao Panteão, vou retrocedendo no tempo, examino esse monumento da antiga Roma os seus adornos dourados, reluzentes sobre a luz púrpura do sol do verão, ali, milhares de objetivas das lentes fotográficas dos turistas, o eternizam em uma redoma cristalina, montando guarda em suas dezesseis colunas para ninguém violá-lo. No seu interior, torna-se difícil escapar da presença refrescante da manhã, junto as suas gotículas de orvalho, como também do anoitecer, vendo o contorno da lua cercada de pontinhos luminosos, invadindo o interior do templo, pelo seu óculo centralizado em sua cúpula abóbada.

Até o maior imperador romano em toda a sua magnanimidade, certamente, se deteve diante de tamanha preciosidade, olhando o Fórum Romano, com a sua complexidade arquitetônica, culminando pelo famoso Anfiteatro Flávio também amplamente conhecido como o Coliseu, o maior símbolo da eterna Roma, marcado por dramas, destinos fatídicos, incorporam as suas ruínas, outrora, sedentas de sangue em espetáculos macabros, atemorizantes em jogos de vida e morte.

Quando se aproxima o meio-dia, o Trastevere, com suas cantinas, se torna o templo vivo do prazer salutar, da avidez dos turistas cheios de imoderação e desejosos em provar as suas apetitosas iguarias, famintos diante de porções de spaguetti, regado por um bom vinho Poggio Reale, tinto.

O tempo, que compôs as ruínas dos monumentos romanos emerge flutuante, como uma névoa, envolvendo o destino de toda uma civilização, marcada pela historicidade dos grandes feitos dos seus exércitos, que foram além de suas fronteiras, abarcando grande parte dos continentes europeu e asiático, tornando Roma, a grande “cornucópia” do mundo moderno!