... Continuação.

A lenda de Hiphitusi

 

10. A primeira das quatro

 
Nem Vanuzia ou Kedaf encontraram uma explicação plausível para a maneira como foi construído o Lar da Pedra.
Desceram pendurados por cordas até o solo escorregadio, e enquanto os demais construíam plataformas de madeira para se alcançar à parte externa, eles iniciaram uma detalhada pesquisa de campo, antes de adentrarem ao templo com a grande entrada convidativa.
Chegaram à conclusão de que toda a construção fora planejada daquela forma desde o início, não sendo o templo coberto por camadas de terra ou a sua frente enchida de água devido às ações do tempo, ali existia certamente a mão do homem.
O que fundamentou essa lógica foi que não encontraram nenhum outro tipo de acesso que pudesse levar a entrada da construção, tudo fora feito após uma grande retirada de terra. O mais surpreendente vestígio disso foi ao examinarem melhor alguns pedaços da parede de terra que encobria a frente do templo, descobrir que ela fora de certa forma presa à parede com barro misturado com capim.
O cenário que formaram era o seguinte: toda a obra foi construída de uma maneira a esconder a sua existência e concluíram diante dos fatos que o Terceiro Quarto não era para ser encontrado tão facilmente, mas se não fora destruído antes era porque deveria então ser um dia achado e de algum jeito utilizado.
Após colherem amostras de todos os materiais encontrados e as enviarem no mesmo carregamento que conduziria os mergulhadores que foram dispensados por Kedaf, formaram um grupo menor composto pelos líderes, dois carregadores e um segurança e rumaram para o interior do Lar da Pedra.
O primeiro cômodo era uma somente uma sala retangular com uma grande fenda construída com o mesmo material das paredes, com cerca de 4 metros de largura, por onde certamente a água do lago escoara. Não dava para se ver o fundo dessa fenda, devido à escuridão lá dentro, e ao ser um pouco iluminada com a ajuda de lanternas, conseguiram identificar pontas de madeiras afiadas apontando para cima. Roi alertou aos demais que já suspeitava de armadilhas no local e aquilo só comprovava os seus receios, então pediu a todos que tivessem a máxima atenção.
Para atravessar o local, onde uma segunda passagem os aguardava, tiveram que sair e voltar com algumas tábuas para improvisar uma ponte.
Continuaram sem maiores novidade e passaram para o segundo cômodo, que era o último. Este era comprido e de onde estavam avistaram um baú sobre uma pequena base pedra. Roi teve que segurar Kedaf para que ele não corresse.
-- Vamos com calma! – Pediu ele ao príncipe.
Kedaf assentiu e prosseguiram.
As paredes eram lisas e sem gravuras ou escritos, similar ao teto. Ao chegarem próximos, os líderes pediram que os demais aguardassem e seguiram até defronte o baú coberto por um tipo de toalha de cor vermelha.
Os dois deram a honra a Vanuzia para que fizesse a sua abertura. Ela não pestanejou: retirou a toalha e na tampa estava o desenho de uma lua com dois traços cruzando e a dividindo em quatro partes, sendo que a terceira estava mais realçada que as demais.
Vanuzia tentou empurrar a tampa para o lado, mas não conseguiu, pois era feito inteiramente de pedra. Roi e Kedaf pegaram cada um de um lado e levantaram a tampa. Ela ficou paralisada por alguns segundos, depois se abaixou e retirou de dentro o Terceiro Quarto e o ficou admirando em suas mãos.
Era do tamanho de um livro comum e a sua parte arredondada era lisa, enquanto as duas partes retas possuíam um pequeno degrau.
-- Do que é feito? – Perguntou Kedaf retirando com delicadeza o objeto das mãos dela e batendo nele com um pequeno martelo.
-- Não faço idéia, parece um tipo de metal.
-- Não soa como metal! – Disse ele – Mas é pesado tal chumbo.
Passou o Terceiro Quarto para Roi enquanto vasculhou dentro do baú em busca de mais alguma pista. Não havia mais nada ali.
-- Somente ele? No que isso nos ajuda?
-- Espere Kedaf! – Disse Roi que aparentemente notara algo após devolver o objeto para a exploradora.
Abaixou-se ao lado do baú e soprou levemente. Viu que um tipo de desenho parecia haver embaixo dele e com a ajuda do príncipe empurrou-o para o lado até que ele caiu da base, tombando.
O desenho na verdade era composto por quatro flechas que apontavam para o centro, onde uma pedra lisa estava protegida num entalhe da base. Roi acariciou a pedra, depois a pressionou. Imediatamente um tremor balançou tudo e o teto pareceu cair sobre suas cabeças.
E um grito se ouviu.
 

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11. A escalada mortal
JGCosta
Enviado por JGCosta em 07/01/2010
Reeditado em 11/01/2010
Código do texto: T2015674
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