DUAS PESSOAS DO SER

I

A madrugada amena vai surgindo aos poucos matizada por uma luz branco-azulada, esmaecidamente cúmplice do sentir abandonado com que deixei a cama.

Simulacro das emoções reavivadas por mais um sonho com ela, escorro, dissolvendo, até a cozinha sem nenhum outro sentido que não a sensação de um abismo carregado de adeus, de mim para lugar algum, de mim para a ausência, de mim para o não-lugar que se tornou em meu peito.

Sentindo-me no entreposto confuso entre a realidade e sonho, meu caráter é como o do alvorecer, um lusco-fusco transpondo a dimensão escura para a claridade, morosamente, sem pressa alguma em acordar para a vida ou me arremessar para o infinito do dia. Qual vida? Se me sinto duas inverdades alternando-se na incógnita do sonho e na nudez da realidade, no assombramento do anoitecer e na expectativa da aurora que impele ao nada. Desperto definitivamente quando a xícara de café me queima a mão.

II

A madrugada amena vai surgindo aos poucos matizada por uma luz branco-azulada, esmaecidamente cúmplice do sentir abandonado com que ele deixou a cama.

Como um simulacro das emoções reavivadas por mais um sonho com ela, escorre, dissolvendo, até a cozinha sem nenhum outro sentido que não seja a sensação de um abismo carregado de adeus, dele para lugar algum, dele para a ausência, dele para o não-lugar que ela se tornou em seu peito.

Sentindo-se no entreposto confuso entre a realidade e sonho, seu caráter é como o do alvorecer, um lusco-fusco transpondo a dimensão escura para a da claridade, morosamente, sem pressa alguma em acordá-lo para a vida ou arremessá-lo para o infinito do dia. Qual vida? Se se sente duas inverdades se alternando na incógnita do sonho e na nudez da realidade, no assombramento do anoitecer e na expectativa da aurora que o impele ao nada...

Até ser despertado definitivamente pela xícara de café que lhe queima a mão.