Mar

Foi cabocla faceira,

menina, moça parceira,

canhota, burra, brejeira,

em vêz, de nome apelido,

moleca, besta, cambeta!

Olhava o céu de estrelas,

beijando a flôr da laranjeira,

mas era feliz, a piralha,

desengonçada e feia!

Seguia em frente, á sonhar,

na timidez do olhar,

cabeça baixa, ao falar,

minhoca, lerda no andar!

Era chamada, de sonça,

corcunda, torta, e tonta,

que só servia, pra lida,

comprava um canto, comida!

Se vestia, igual a um homem,

mas tinha pureza, em seu nome,

o mar, que lhe matava a fome,

e a Lucia sua companhia.

Falava consigo, e sabia,

que muito longe, ainda iria,

levando, esperança no peito,

embora só, a coitada!

Não tinha teto, morada,

somente, os sonhos da mente,

A fé, e os anseios da alma!

Triste, cachorro sem dono,

de gente, não teve nada,

agora, o passado esta longe,

e as lembranças, vagueiam seu sono,

a faz lembrar que sofreu,

trabalhou e padeceu, triste sina viveu,

morou em muitas famílias,

e nem uma, o destino lhe deu!

Mas entre as proezas da vida,

a natureza foi terna,

pássaros e flôres do campo,

enfeitaram, os sonhos dela,

teve e o sol e a lua,

em serenata pra ela!

Rezou, em solo vermelho,

plantou a sua herança,

regou o chão, com seu pranto,

e viu brotar a esperança!

no cheiro, das flôres e frutos,

formou seu peito criança,

e assim, viveu nos sonhos da alma,

o seu tempo de criança!

Marlucia Divina da Silva
Enviado por Marlucia Divina da Silva em 15/02/2010
Reeditado em 08/07/2019
Código do texto: T2088261
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