“A MENINA DE RUA”.

            (Cordel).

01

Na noite triste e vazia

Onde o frio se alastrava,

Uma menina dormia

Junto ao fogo que queimava

A pobrezinha sofria

Ninguém pra ela ligava.                

02             *

Era quase madrugada

E aquela meninazinha,

Sem parentes ao seu lado

Na madrugada sozinha

Cumprindo o seu destino

Nem alimento ela tinha.              

03              *

A pequenina chorava

Naquelas ruas desertas,

Cujos pecados não tinha

Engrolada numa coberta

Bateu na porta de uma casa

Deus indicou a casa certa.                 

04              *

Atendeu-lhe um ancião

Ao vê-la a testa franziu,

Disse – Entre minha menina

Lá fora está muito frio

Pra completar essa chuva

A rua parece um rio.

05               *

A menininha sem jeito,

Mas não se fez de rogada,

Foi entrando porta adentro

Já estava quase molhada

Cuja mochila nas costas

Estava quase ensopada                       

06              *

O velho fechou a porta

Logo depois se virou,

Pegou na mão da criança

E em voz alta chamou

Por sua velha senhora

Que com o grito acordou.

                 *

07

Ele disse Mariquinha

Temos que achar um jeito,

De acomodar a criança

Vamos preparar um leito

Se ela ficar molhada

Fica doente do peito.

                *

08

A menina já tremendo

Tirou das costas a mochila,

Então dona mariquinha

Abriu uma velha mobília

E vestiu a menininha.

Como fosse a sua filha.

                *

09

Resolveram adotá-la

Os dois viviam sozinhos,

Com certeza a menininha

Teria muito carinho

Sendo agora a única filha

Deste casal de velhinho.

FIM.