Infância e Natal

A criançada de agora

Tem é muita liberdade

Tem com a mãe certa amizade

Nunca a trata por senhora

Fica brincando lá fora

Na rua ou na calçada

Não ajuda, não faz nada

Não sabe fritar um ovo

Se amostra no meio do povo

E a mãe fica calada.

O que não fica lá fora

É viciado no celular

Só leva o tempo a jogar

E dorme fora de hora

Até pra falar demora

Com um fone no ouvido

A mãe diz que está perdido

Não tem mais o que fazer

Do pai tenta esconder

O problema ali vivido.

Não corre não joga bola

Pra tudo é indiferente

De casa ele sai somente

Quando é para escola

Até pra comer enrola

Mas se você procurar

Na internet ele está lá

Nem parece ser criança

Fazendo dublagem e dança

Querendo sensualizar.

Deixa está se era comigo

No meu tempo de infância

De papai a ignorância

E seu cocorote amigo

Não precisava castigo

Mamãe não ameaçava

Um surra logo dava

Que era pra aprender

Besteira não mais fazer

Ou aprendia, ou apanhava.

Na hora de acordar?

Conosco era diferente

Antes de escovar o dente

A bença tinha que dar

E também pra se deitar

Fazia o pelo sinal

Nas vésperas de natal

Não tinha o Gingobel

Nem o tal papai Noel

Nem sapato no quintal.

Gente grande e pequena

E um presépio montado

Todo mundo inspirado

Pra celebrar a novena

Cantava uma música plena

A mesma la da matriz

Era assim: Noite Feliz

Também rezava o terço

Disso jamais esqueço

Deixou em mim cicatriz.

Mas menino hoje em dia?

Quer é presente receber

Rezar não tem nada a ver

Nem mesmo a Ave Maria

Natal pra ele magia

Enfeites e muita luz

E o menino Jesus?

Ninguém conhece nada

Ficam esperando a chegada

De um velhinho de capuz.

O meu natal lá no sertão

Era diferente, meu povo

Ganhava um chinelo novo

Uma blusa e um calção

Comia arroz e feijão

E galinha de capoeira

Não tinha essa brincadeira

De cartinha pro papai Noel

Meu desejo era o cordel

Que papai trazia da feira.

Oxelucia
Enviado por Oxelucia em 18/12/2021
Reeditado em 18/12/2021
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