A lenda do peixinho vermelho (adaptação de história de Malba Tahan)
À beira do Rio Amazonas
Numa pequena aldeia
Vivia um humilde casal
E uma pequena sereia
Um anjo, uma princesa
Linda feito a lua cheia!
O pai era um pescador
A mãe cuidava do lar
Com amor e muito carinho
Da filha sempre a zelar
Rezava toda noitinha
Para o Senhor a guardar
Tão doce era a menina
Chorava sempre ao ver
Nas redes do seu bom pai
Os peixinhos a morrer
Jogava pedras na água
Pra eles então correr
Ó menina dos meus olhos!
Falava o pai com paciência
Vivemos do pouco peixe
Que apanho com ciência
Não chora, não os afugenta
Ou vamos ficar na carência
Certo dia a menina
Saltitante a cantar
Entrou em casa e encontrou
Lindos peixinhos a fritar
Peixinhos que o pai pegou
Bem antes de o sol raiar
Pobres peixinhos, pensou
Como é triste a sua sina
Nem bem pôde aproveitar
A água limpa e cristalina
Que corre no rio Amazonas
Que vem descendo a colina
Pegou depressa a panela
No rumo do rio correu
Chorava desesperada
Destino pior que o seu
Ela era pobre, mas vivia
Feliz ao lado dos seus
Colhendo da mata as flores
Ouvindo o uirapuru
Banhando nas cachoeiras
Provando mel de uruçu!
Vida melhor não existe
Seja no norte ou no sul!
Jogou tudo dentro d'água
Os peixinhos a fritar
E por um milagre do Eterno
Por um prodígio do Amar
Os bichinhos quase fritos
Contentes saíram a nadar
Surge então no Amazonas
O peixinho avermelhado
Cheio de graça e de vida!
Pelo amor ressuscitado
Pra enfeitar o grande rio
De um vermelho encarnado!!
Vermelho assim por encanto
Conservaram do fogo a cor
E foram nascendo peixinhos
Vermelhos do intenso amor
Que dedica à criatura
O grande Deus-criador!