“PERGUNTEI SOBRE VOCÊ”.

          

 

Dias atrás eu me aproximei da fruteira para pegar uma laranja, observei o estado de cada uma, e involuntariamente escolhi uma com a casca um tanto enferrujada, não tinha um aspecto muito bonito; descasquei-a, mas ao experimentá-la notei que havia me enganado com o meu julgamento a respeito daquela fruta, saboreei e senti que estava muito saborosa, peguei outra, só que desta vez eu peguei uma linda laranja, tinha a casca bem polida, deduzi, que certamente esta estaria bem mais gostosa que a outra.

Ledo engano! A laranja não era azeda, mas estava ressecada, não tinha sabor nem caldo, tanto, que foi impossível chupá-la.

Parei e refleti sobre muitas coisas, que já vi ou ouvi durante toda minha vida, lembrei de um episódio recente.

Estava eu num comercio de um amigo, quando chega um rapaz, que também era conhecido meu, porém, há muito tempo eu não o via.

Eu o cumprimentei, e logo em seguida lhe falei.

- Fiquei contente em reencontrá-lo, quase não o reconheci você está muito diferente! Ele então me respondeu.

- Claro! Naquele tempo o meu capital era muito pequeno, diferente de agora... Que eu tenho um poder aquisitivo um tanto elevado...

Quando eu ouvi a resposta do rapaz, algo dentro de mim se quebrou, e instantaneamente desfez-se, toda admiração que eu tinha por aquele cidadão, e automaticamente lhe respondi.

- Rapaz... Eu não falo do seu poder aquisitivo, eu me referi a sua pessoa, o seu semblante, o seu porte físico...

Dizendo isso eu me despedi de todos, e me retirei do recinto.

Sinceramente eu não falava do belo automóvel do rapaz, nem do seu refinado terno, tampouco do seu belo par de sapatos... Quase sempre a casca esconde a pureza do conteúdo, assim foram as duas laranjas, que me pregaram uma bela peça.