Perdida na floresta

Eu e minha amiga Dida conversávamos horas a fio. Eu, como sempre, falando além da conta. Essa minha mania de falar demais e pouco deixar que as pessoas se expressem. Mas vou me policiar e controlar esse hábito.

Bem, no diálogo falávamos do ato de escrever. Ela dizia que gostava dos meus escritos e elogiava os meus tantos dons. Tudo graça de Deus, claro. Mas nesse bate-papo ela me disse que há um bom tempo até tentou escrever, mas o resultado não foi dos melhores. E o que achei interessante foi como a Dida se confrontou com a dificuldade de registrar seus pensamentos.

Imagine-se perdido numa floresta, com todo aquele mistério que a envolve, os animais vorazes etc. Pois é, foi assim que minha amiga comparou o ato de escrever.

Ela entrou na floresta (iniciou o escrito)

Deu pequenos passos, esquivando-se (entravou o escrito)

Viu-se perdida e uma onça faminta a mirar-lhe (desistiu do escrito)

Correu mata a dentro (fugiu do escrito)

Bem, Dida, se não enfrentarmos as muitas "onças" que nos rodeiam jamais atingiremos o objetivo, jamais tomaremos banho naquele lindo riacho perdido no mato, jamais nos deleitaremos com as aprazíveis frutas a nos esperar, jamais elevaremos nossa face ao infinito respirando o frescor da natureza.

Tente, minha amiga, entrar novamente na floresta. Dessa vez bem mais atenciosa, cautelosa, firme e se deliciará das maravilhas que ela nos proporciona. As onças ficarão apenas com água na boca.

Elian Bantim
Enviado por Elian Bantim em 05/09/2008
Reeditado em 18/06/2013
Código do texto: T1163642
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