A 'festa' de aniversário em Cuiabá

Se uma das coisas eu realmente tenho ojeriza é o excesso de badalação em uma festa de aniversário. Ainda mais quando se trata de convidados com um comportamento oposto do sentido original que o evento pede.

Se as festas fossem mais simples e singelas, elas seriam marcantes - tanto na vida de quem aniversariou quanto nos que puderam parabenizá-lo neste evento.

Talvez eu fale, ilustrando, sobre o que passei em Cuiabá, na experiência frustrante em participar de uma festa de aniversário.

Na festa que eu fui, meio que a contragosto, senti um vazio enorme. Para variar, entre batidas de techno, dance e rock, vi pessoas curtindo, em sua grande maioria. Enfim, tentando aproveitar aquele intervalo de tempo, entre um final de dia frustrante e um novo dia sem perspectivas.

Eles se extravasavam...

Lançaram mão da mediocridade e futilidade, entre as danças e azarações com as batidas bem batidas de techno.

Vi gente sem sentido. Vazia. Sem rumo e sem propósitos.

Gente sem vida!

Não queria, mas custei a perceber que aquela festa era um ambiente com pouca conversa; bem distante da finalidade de um aniversário.

Sinceramente, aquele ambiente não diferia muito de uma danceteria ou boate - só que em moldes caseiros, com a presença de amigos e conhecidos do aniversariante.

Para variar, um contigente significativo de pessoas que lá compareceram, da fina flor da camada emergente cuiabana (e bota emergente nisso, companheirada!), teve o constrangimento de estar lado-a-lado com os amigos e contatos conhecidos do aniversariante, que residiam em bairros humildes - longe da arrogância e da prepotência de um "Getúlio" ou de uma Praça "Popular" da vida, com o seu glamour artificial.

No entanto, o que eu mais gostei nisso tudo foi o grau de estratificação social presente na festa. Sintetizando, um antagonismo sem precedentes!

Isto gerou tanto incômodo para alguns convidados que, no intuito de fugir dos comentários discriminatórios, tiveram de dançar e curtir as músicas norte-americanizadas, como se isso fosse um grau diferencial de "superioridade" e "afirmação".

Entre contratempos e contratempos, a lição que eu pude tomar é que, se eu quisesse me tornar "sociável", teria que me inserir nesse sentimento tacanho de pertencimento a uma comunidade que jamais adotei para mim.

É... Uma "tribo", com seus códigos e normas comportamentais.

Obriguei-me a renunciar às minhas concepções, durante uma parte considerável daquela festa.

Me nivelei ao fenômeno do "imbecilismo coletivo".

A contragosto.