Meu irmão Bertholdo

O primeiro presente vivo que minha mãe ganhou, logo após seu casamento com papai, foi meu irmão Bertholdo, hoje com 72 anos de idade. Vale dizer que quando nasci ele tinha 12 anos e já jogava futebol de salão. Um ou dois anos após foi trabalhar em um escritório onde ganhava seu dinheirinho, com o qual ajudava família. Mas a grande ajuda que nos deu, já quando estávamos sem pai, foi o exemplo de caráter, disciplina, dedicação e obediência aos seus princípios. Tanto que é da reserva remunerada do Exercito Brasileiro, de onde saiu da ativa no posto de Capitão; ele que foi recebido como soldado. Há décadas não nos comunicávamos, sem uma razão absoluta para que isto acontecesse.

De vez em quando outros familiares eram portadores da notícia de que estávamos vivos. Assim o tempo foi passando e, pelo menos eu, nunca me esqueci do orgulho sentia de meu irmão Bertholdo, principalmente nas épocas em que visitava o quartel onde ele servia, e ouvia dos oficiais superiores elogios ao então o jovem sargento. Ele teve a oportunidade de trabalhar com o ex-presidente Figueiredo, que em sua época nomeou o mano para prestar serviço na Embaixada do Brasil em Roma, onde permaneceu por dois anos, já como oficial. Na verdade os cinco irmãos, dois quais dois já são falecidos, tivemos uma ponta de inveja do “Bert”, como foi simplificado seu nome.

Como disse, o tempo passou e meus casamentos, feitos e desfeitos, somaram seis companheiras e como agradeço a Deus que este último já tenha treze anos. O casamento de meu irmão Bertholdo contabiliza um só grande amor de décadas. A atividade da fase adulta de meu irmão foi única, militar, a saúde de meu irmão tem sido única, estável e a toda prova. Espero que quando comemorar 100 anos ele realize uma reflexão sobre nós, sobre nossa família. Que em memória se lembre dos irmãos que já estão na eternidade, e que estes também em memória sejam chamados a uma reunião de família, eu também estarei lá!

Pois em tempo conseguimos restabelecer nossos laços de comunicação, eu na Bahia ele no litoral de Santa Catarina, ele usuário do Orkut e eu também, ele tem e-mail eu também, ele tem telefone eu também. Então por que não trocarmos figurinha? Vivemos um novo tempo onde ferramentas virtuais nos possibilitam manter uma família unida mesmo que geograficamente distante. No ganho disto tudo, voltei a ser chamado de Pedrinho, e isto me satisfaz. Então contrario o poeta quando diz que homem que é homem não chora, e deixo as lágrimas rolar!