Meu dia - Parte III

Muitos, muitos parabéns, já havia previsto na crônica anterior. Presentes quase não ganhei, as pessoas acham que eu não preciso, preciso sim, aliás, preciso não, gosto! É que fico ansiosa para saber o que há atrás daqueles lindos embrulhos com laços de fita. Vai ver que sou romântica demais.

Pode até parecer estranho, mas há quem não goste de receber presentes. O que devemos fazer com essas pessoas que sentem repulsa ao receber presentes é aceitar e cumprir sua vontade. Eu nunca, nunca mais darei presente a quem não gosta. Já pensou, a pessoa não quer, não suporta e você fica empurrando, igual nenê comendo papinha quando não tem vontade. Deve ser ruim mesmo. Bom, mas cada um com seu jeito.

Aqui em casa as homenagens começaram muito cedo. O pessoal do trabalho bateu a campainha e me surpreendeu com uma torta deliciosa de abacaxi, amei! Logo mais, chegaram minhas irmãs com outro bolo enorme. Haja bolo! Depois algumas amigas, o Irmão Paulo da Casa Paroquial. Enfim...surpresas maravilhosas. Ah, lembrando que meu pai perguntava minuto a minuto se eu o amava! Ora bolas, quem tem que perguntar isso sou eu, eu é que sou a aniversariante. Brincadeirinha, pai, eu o amo sim, você sabe.

E na escola? Estão curiosos, não é? Pois bem, lá foi uma verdadeira algazarra. Meu Deus, era menino para todo lado, cada um queria abraçar primeiro, tinha hora que parecia que eu estava flutuando, porque nem no chão eles me deixavam pisar. E agora, abraçar quase duzentos jovens, mas eu abracei e muito e foi meu melhor presente. Até que as pessoas têm razão quando dizem que eu não preciso de presentes. Pensando bem é verdade, porque meus presentes não são vendáveis. Como por exemplo, esses carinhos que recebo dos meus alunos, não há dinheiro no mundo que compre.

Teve de tudo nas festinhas da escola: bolo que não chegava da confeitaria, balões sendo enchidos às pressas, dvd que não queria funcionar, menino pra lá, menina pra cá. Ufa! Será que tenho paciência? Claro que sim! Uma aluna até pôs estra frase no quadro: "Professora, o mar é infinito como sua paciência". Será? Olha que tem hora que o mar nos leva a um destino, assim também é minha paciência, ela tem limite.

Tudo pronto, hora do parabéns, hora das homenagens, declamações de poesias, músicas etc. Mas não deixaram por pouco, como eles haviam pedido, eu levei o violão e tive que cantar. Eu estava simplesmente radiante...e muito suada!

Foi uma benção de Deus! Tudo no capricho. E eu me perguntava:

- Será que eu mereço tanto? Parava um pouco e ficava prestando atenção naqueles jovens tão empolgados, tão felizes, parecia que a comemoração era deles e não minha, cada um queria dar sua contribuição; ou arrumando a mesa ou pendurando os balões ou organizando a sala, era uma festa de dar até um nó na garganta. Vai ver que alguns deles nunca nem tiverem festa e estavam alí radiantes, preparando uma para mim. Absorta nos meus pensamentos, escrevendo mentalmente aquele episódio, fui supreendida pelo John, que tocou em meu ombro e entregou-me um singelo presente num papelzinho todo amarrotado e um lacinho de fita envelhecida, e o melhor acompanhava a lembrancinha: o amor com o qual ele me entregou. Puxa! A idade não permite mais essas emoções fortes. Falando em idade, nem quero tocar nesse assunto. Me dá arrepios. Cada um com suas manias.

Encerrando esta festa de hoje, peço a Deus que abençoe todas as pessoas que lembraram de mim e principalmente aquelas que não lembraram ou não quiseram se fazer lembrar. A todos, meus agradecimentos sinceros e minha gratidão.

Até o próximo ano, se Nosso Senhor Jesus Cristo permitir!

Elian Bantim
Enviado por Elian Bantim em 01/10/2008
Reeditado em 01/10/2008
Código do texto: T1205189
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