Assalariados votam em milionários!

Como faço sempre, antes de votar, levantei-me, tomei um banho, escovei os dentes e penteei os cabelos. São cinco horas da manhã e já estou vestido com a roupa com a qual devo votar. Nada demais; uma camisa branca e uma calça jeans, sem saudades das eleições passadas quando por opção podíamos ir até as urnas vestidas com a camisa do candidato. Achei uma medida correta para acabar a farra de distribuição de bonés, camisetas e outros brindes que custam dinheiro ao candidato, e ao que sabemos poucos dão alguma coisa sem pensar em ganhar mais na frente. Ainda mais político, que faz a conta do salário, que embora muito bom e que ainda dizem ser pouco, para os gastos com “atendimentos” aos eleitores.

Em frente ao computador estou eu refletindo: Como pode milionárias previsões com gastos de campanhas, para um candidato a prefeito? Tomo por exemplo o caso Marcio Lacerda, empresário que pretende a prefeitura de Belo Horizonte, e diz que poder gastar até R$ 14.000.000,00 – quatorze milhões de reais - Se bem que a candidata do PT a prefeitura de São Paulo. Marta Suplicy, igualmente a Geraldo Alckmin, ambos tiveram como previsão cerca de R$ 25.000.000,00 – vinte e cinco milhões - O campeão desta previsão é Geraldo Kassab, candidato do DEM a prefeito do Rio de Janeiro, que declarou gastar 30.000.000,00 – trinta milhões – na campanha. São dados do TSE.

Pelo menos Marcio Lacerda declarou ser dono de um patrimônio aproximado aos R$ 60.000.000,00 – sessenta milhões. Mas se dividirmos os 14 milhões por quarenta e oito meses, que representam os quatro anos que sentará no trono da prefeitura, será necessário que o prefeito tenha um salário de pelo menos R$ 291.666,66 a cada mês. E quanto é um salário de prefeito de Belo Horizonte? Alguém vai trabalhar de graça? Serão todos apenas vaidosos e tirando do bolso “doaram” tal verba? Marta Suplicy, levando a bandeira dos trabalhadores assalariados, necessitará de R$ 520.833,33 de salário mensal. De onde vão tirar este dinheiro? “Doação” de empresários? Aprendi no curso de Jornalismo Investigativo, da Universidade do Texas, que é só cruzar depois da posse as empresas que fizeram doações e ganharão as concorrências!

Por isto levanto uma bandeira, para que campanha para eleição de candidato seja feita apenas em uma revista coordenada pela Justiça Eleitoral, onde constará foto, currículo detalhando o que de bom ele fez pela comunidade, assim como os processos que responde ou respondeu. Um apanhado da vida pregressa de pelo menos vinte anos. Também a revista informe quantas vezes já trocou de companheira ou companheiro, pois quem troca de mulher ou marido como que troca de roupa, troca de opinião também! A edição seria distribuída diretamente ao eleitor, via Correios, e as despesas infinitamente menores que campanhas com foguetórios, seriam rateadas entre eles. Garanto que o custo seria tão pequeno que não seria necessário, ao bom político, comprometer o dinheiro público em favores a empresários.

O relógio marca 06:55 horas. Vou fazer meu desjejum matinal, sair caminhado sem pressa até a urna, e lá depositar meus dois votos para prefeito e vereador que penso ser os candidatos menos piores. Espero não ter que esperar mais quatro anos para acertar no voto. É muito tempo!

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(*) Seu Pedro é o jornalista Seu Pedro, editor do jornal Vanguarda, em Guanambi / Bahia, e é indignado com tanta hipocrisia na política, principalmente dos que dizem estar ao lado dos trabalhadores, mas só pensam no mega salário que recebem. Isto é um suplicio para o cidadão!