O casal romântico por onde anda?

Tenho procurado incessantemente nas praças floridas, nas varandas das casas ao cair da tarde, nos ônibus, trens e demais lugares onde possa estar de mãos dadas um casal romântico, e não os tenho encontrado. O terá se escondido? Continuando a busca até nos barzinhos, nas calçadas das alamedas, tenho procurado em vão! As praças já não estão tão floridas, as varandas das casas quando não se escondem por trás de altos muros, estão prisioneiras da modernidade com grades que preenchem seus arcos. Nas conduções coletivas as mãos já não se entrelaçam, seguram com firmeza a bolsa. Nos bares espalhados pela cidade carros estacionados com potente som ligado, abafam as frases de amor.

Mas, com toda a modernidade, por onde andará o casal romântico? O amor não pode ser esquecido na mesa de um bar, onde as loiras frias substituem o doce néctar do romantismo. Apressam-se a serem extintos os toques românticos e em seus lugares só os “tin-tins” dos copos que ali brindam tudo; o candidato eleito, o time de futebol campeão, o bolão da loteria, as férias sinônimo de ociosidade, os presentes de aniversário. Poucos brindam o amor eterno, em tempos que as varas cíveis se entopem de pedidos de separação, de pensões alimentícias, de divisão de bens, de tudo que os modernos casais pesam ser de direito. Estes casais cartoriais que só se combinam na cama, não fizeram um amor resistente como à parede de usina nuclear, ou saboroso como os Pastéis de Santa Clara de receita original dos confeiteiros de Coimbra.

Os bombons, mesmo caseiros, não são mais recheados com licores feitos para cada ocasião, produzidos com os frutos daquela safra. O fruto do amor parece que seca esquecido no galho de uma árvore seca, poucos casais fazem a colheita e provam de seu sabor. As coisas estão sendo muito materiais. O tempo de se dizer coisas bonitas, e que despertariam o coração dos que fizeram juras e amor, estão ocupados com os tele-jornais ou as novelas onde o canal é banalizar o casamento com as cenas de traição. Os adolescentes crescem pensando no casamento, para depois então poder trair! Foi concebido um tempo que para mim é inconcebível, e nisto agradeço a Deus não haver proporcionado aos homens e mulheres a vida eterna nesta terra. Não sei se suportaria acompanhar a evolução, testemunhar os novos tempos!

Assim como Diógenes de Sínope tenho caminhado de lanterna acesa pelos dias, ajudando a luz o sol iluminar onde possa estar aquele casal. Meus olhos, transformados em olhos de águia, sobrevoam novamente os parques e jardins, que dizem terem sido construídos para que ali se manifeste o romantismo. Entre vendedores de pipoca, sorveteiros, brinquedos de plástico que substituem os carrinhos artesanais e bonecas de espigas de milho, vendo também os assaltantes que fazem da praça o ganha pão, minha visão esbarra em um casal. Ele de cabelos brancos e bengala na mão, ela de unhas e cabelos pintados, como é próprio da vaidade conquistadora da mulher, As mãos enrugadas e despreocupadas com os atalhos da vida moderna, seguem com os calos se tocando, e vão pelo caminho da felicidade. Em determinado momento, ela sabendo que ele sempre foi apreciador do belo, pergunta: “O que você gosta mais nesta praça?” Ele olha nos olhos daquela eterna namorada, e com os seus umedecidos pelas lágrimas, diz: “De você querida!”.

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Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi – Bahia, que confessa que o que mais gosta, dentro ou fora do seu lar, é amorena que emoldura seus dias; Altenir; Teny ou ainda Mamãe, como altera seu trato para com ela. As filhas, também amadas e gostadas, são frutos de um sólido e doce amor.