A polícia não teve “carma”!

O conceito de “carma” existe em muitas culturas, especialmente por toda a Ásia, e é freqüentemente incompreendido. Em nosso Brasil me parece que os mineirinhos e os paulistas do interior disputam entre eles que tem mais “carma”, pois se vamos atravessar a Rodovia Fernão Dias fora da passarela lá vem um ou outro pedindo “carma”. Se vamos usar nosso livre arbítrio tentado o suicídio, por exemplo, lá vem o pedido de “carma”, igualmente em véspera de eleições; “carma” escolha bem o candidato! Mas deixando de lado o humor, afinal o que é “carma”?

Um termo quase sempre usado para convencer os desprivilegiados da sociedade a aceitar suas situações desafortunadas na vida, como sendo decorrentes de sua própria criação. Ao aceitar seus destinos predeterminados, eles se resignarão às disparidades sociais. Em sânscrito, “carma” significa ato, oração. Originalmente isto significa trabalho ou função e é relacionado a palavras fazer ou produzir. No budismo, “carma” refere-se às nossas ações, ou causas, criadas através de nossos pensamentos, palavras e comportamento.

Mas se assim fosse não haveria razão de se prender, julgar e fazer cumprir pena a um seqüestrador, por exemplo. O jovem tresloucado Lindenberg estaria absolvido de seu crime, pois morrer teria sido o “carma” de Eloá. E muitos no episódio do mais longo seqüestro no cenário policial brasileiro, curiós que se amontoam e não percebem que mais atrapalham do que somam, e volta e meia atribuíam ao “carma” daquela adolescente o sofrimento pelo qual estava passando. Dentro do conceito budista de isto acontece por nossos “pensamentos, palavras e comportamentos” têm ai uma explicação!

O comportamento de Eloá extraindo do noticiário o que presta, se verifica que a menina teve um comportamento na convencional para sua idade, em que a maioria ainda não se esqueceu das bonecas. Dizem que o fruto que demora a amadurecer demora mais a apodrecer! Eloá madureceu rápido e como em um flash passou um curto espaço de tempo, onde viveu infância, adolescência e juventude. Não envelheceu, não caiu do galho como as frutas que já estão no ponto, a derrubaram com um tiro a partir da insana idéia de Lindenberg, de que tudo era seu.

A imprensa havida em oferecer emoções aos telespectadores só faltou colocar no ar comerciais criados pelo marketing, especialmente para o momento: “Estamos transmitindo diretamente, por oferecimento da Funerária Caminho do Céu!”, poderia acontecer se mais dias demorasse o seqüestro. Como se o “carma” dos telespectadores fosse ouvir tanta besteira, elas vieram em profusão. Além do que, a imprensa com tantas entrevistas ao vivo através do celular de Lindenberg, fez com que ele se sentisse um super-herói. Mas, trocando em miúdos o final trágico; dizem faltou “carma” aos policiais que invadiram precipitadamente o apartamento.

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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi – Bahia, que acha melhor ter calma, do que aceitar o “carma” como sinônimo de predestinado.