Um pouco do muito de mim; o muito do pouco dos demais

Às vezes tenho a larga impressão de que poderia ser algo a mais daquilo que os outros, entre amigos e conhecidos, gostariam que eu fosse. Talvez, onde eu melhorasse a respeito de algum aspecto ou até mudasse uma ou mais características pessoais ou atitudes do meu cotidiano.

Nos momentos vagos, isto é, naqueles períodos de ociosidade, eu faço um auto-exame, a respeito das minhas virtudes e limitações.

Não é fácil nos encontrar tão facilmente, ainda que tenhamos disposição para dissecarmos a nossa vida; as nossas intenções, nossos projetos, nossos sonhos e nossos rumos. Sobretudo, as nossas emoções, incertezas e convicções que guardamos.

Certamente, muitas coisas pelas quais eu fiz, voltaria a fazer. Inclusive, no campo afetivo! Outras, nem tanto. E algumas, raras vezes, jamais faria, em momento algum.

Creio que o sentido da vida é ímpar e inigualável. Quando tantas pessoas, escondidas em um manto de ansiedade ou expectativa, criam ilusões, muros ou explicações para fugir dos seus temores e do seu "eu" autêntico, acredito que nem todas estão aptas a vivenciarem a vida. Vida, enfim, proporcionada por Deus para que usufruamos, de forma rica e sublime.

Rica, porque é farta de acontecimentos. Sublime, porque é ÚNICA! Única, por nos dar o entendimento de que nunca há mal que permaneça para sempre e nem sempre há aquela bonança que perdure continuamente.

Entendendo e compreendendo a vida desta forma, sem deixar de lutar por aquilo que desejo, a vida faz sentido, tornando mais amadurecido.

Todavia, não confundamos maturidade com sisudez - o que, para mim, é o desvio carrancudo de quem torna para si a incapacidade de lidar com o que há de bom e pitoresco nesta vida.

Guardada a visão excêntrica que possuo sobre a vida, sou compelido a agradecer a Deus. Inclusive pelos revezes que tive.

Em alguns momentos, o meu ânimo arrefeceu. Contudo, no ato de misericórdia, Deus trouxe a mim o espírito de superação, no intuito de entender que a vida só tem sentido, quando a gente exerce ininterruptamente a nossa fé, guardando a esperança daquilo que lutamos e queremos almejar.

Tenho muitos conhecidos, poucos amigos; raríssimos irmãos! Nada me furtou de ser feliz, mesmo nas adversidades e nas poucas amizades leais, desinteressadas e puras que eu tive. Luto quase que diuturnamente em FÉ, ansiando e almejando por um amor pleno e único; em suma, o grande amor para toda minha vida!

Entretanto, dentre tantas limitações, anseios e desafios, o meu maior consolo é que eu tenho um Deus que cuida de mim!

Com certeza, por conta disso, tento, ainda que em vão, passar um pouco do muito de mim. Por vezes, sem eficácia onde, sem querer, esbocei, em demais momentos desta crônica sobre o muito do pouco dos demais em seu dia-a-dia, ao tentar analisar sobre a minha vida, meus interesses e sonhos.

Das idiossincrasias por ora sem sentido e das falhas visões opiniáticas que por vezes carrego, uma dia ainda espero, em Deus, guardar em mim uma certeza das demais que gostaria de carregar em mim:

"Em Deus, todo o sonho que eu tiver, se estiver coincidindo com o Dele, tornar-se-á uma realidade, sem pendores triunfalistas ou no fajuto uso de uma forjada e artificial humildade."