Vi porque as janelas estavam abertas!

São seis horas, o céu já claro e claro eu acordado. As janelas de minha sala de trabalho abertas, e por ela aprecio a volta dos que até a praça virar o ano. Alguns e algumas certamente valendo-se da escuridão na celebre noite celebre noite, e os olhares voltados para os céus onde espocam fogos pirotécnicos barulhentos e coloridos, acrescentam as suas emoções uma virada a mais. Mas são seis horas e dez minutos; de iniciar esta crônica, tomar um café já meio esfriado na garrafa térmica, já se foram uma década de minutos!

Mas como lhes digo lá vinha um casal e eu sem nenhum prazer de vê-los, via! Impulsionado por minha curiosidade, natural em seres normais, os meus olhares testemunharam um quase ato de sexo em plena luz do dia e em via pública. Ficou no quase, pois saído de uma esquina o carro preto, ocupado por um bando de adolescente e certamente dirigido por um deles bêbado, com uma forte buzinada e uma cantada de pneus espantou o casal. Pelo comportamento pareciam sentir prazer em ser vistos.

O procedimento do homem quase nunca é convencional, ainda mais em fins de festa, quando as imaginações se fertilizam, a vergonha fica menor, o medo parece fugir. Só quando eu me encontrar com ele na morada eterna, o que talvez aconteça em breve, poderei perguntar a Sigmund Freud o que levou aquele casal ter esperado a luz do dia para que pudesse acontecer o que é mais natural à noite? Tenho lido livros de psicanálise e confesso que em neles consigo explicações. Estimulo ao prazer, falta de outro local, sem dinheiro para recorrer ao motel, sem-vergonhice, ou loucuras de amor? Como popularmente se diz: “Só Freud explica!”.

E pensar que eu, que acordo de madrugada para espirar o ar da manhã, buscando inspirações para meus textos, fortuitamente fui plenamente inspirado nesta primeira crônica do ano. O casal ia de encontro à lei, a lei foi criada pelo homem, se os “homens” flagram aquele momento? O casal iria conhecer a lei ou os “homens” iriam conhecer a carteira de dinheiro do homem? Diante de um recheio de dúvidas, já passam das sete horas, parei para passar manteiga no pão dormido, afinal o padeiro também merece revellion. E conclui que o melhor é não abrir as janelas!

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 01-01-09

Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, 61, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi - Bahia, que apreciou a queima de fogos do quintal de sua casa, voltou a dormir e acordou em seu horário de rotina, às cinco horas em um novo ano!