Palestinos e judeus: chega de brincar de morte

Da série RELIGARE

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O escritor, médico-psiquiatra e anarquista Roberto Freire, falecido em 2008, dizia que o amor era o contrário da morte e não a vida, com se conceitua, pois vida sem amor nada vale. Essa idéia de inverter conceitos pré-estabelecidos é como quebrar totens. Assim sendo, diria que vida e morte são complementares e não contrárias e que vingança, sim, é o contrário do amor, e não o ódio, como se deduz, pois o ódio pode não redundar em agressão ou violência, pode ser um sentimento passageiro, já a vingança causa sempre uma reação e destrói o amor, que é um sentimento de aproximação e de procriação.

A vingança é o oposto da vida e aliada da morte – e daí o mundo viver assim, vide a reação de Israel ao Hamas, que pôs em prática o “olho por olho dente por dente”, de forma exagerada, para cada morte israelense, 100 mortes palestinas. Essa é a filosofia do fim do mundo.

Se a humanidade continuar seguindo esse preceito de vingança, reagindo a uma ação violenta anterior com outra, logo não haverá mais a quem matar. Isso ocorre por que ninguém ainda ouviu o filho do carpinteiro, Jesus de Nazaré, que falou noutros tempos (faz tempo) em outros termos: devemos perdoar aos inimigos - e agindo assim neutralizar à agressão, ou seja, sem “olho por olho” – isso é coisa de bárbaros, do tempo das tribos, ainda em vigor. Mas quase ninguém o entendeu. E você entendeu?

Portanto, um governo que causa guerra não pode ser bom. Pois ser bom é favorecer ao outro, é criar espaço para que a vida seja preservada. Por isso a mãe é o símbolo da bondade, pois é usina de vida, seu ventre é uma casa onde não cabe o ódio.

Como diria Lao Tse, seis séculos antes de Cristo: - Se constrói a casa, mas é o espaço vazio que a torna boa para viver. Essa lição serve também para o Hamas.

É hora de palestinos e israelenses entenderem que devem aprender a conviver, a respeitar diferenças, serem tolerantes e construírem juntos a sua casa-estado. E pararem de atazanar a vida do mundo com suas mesquinharias. Chega de brincar de morte.