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Não deixa de ser um fato no mínimo curioso, no Congresso Nacional, a crescente circulação de propostas em torno da abertura do processo de impeachment do presidente Lula, especificamente, capitaneadas por parlamentares que num passado não muito distante integravam a base aliada do governo.

Não tenho dúvidas de que qualquer pessoa sensata e despida de paixões politico-partidárias certamente há de compreender que tal medida extrema, para ser válida, deve necessariamente promover a confluência de embasamento jurídico, vontade política e apelo popular. Até agora ainda não vi colocado em prática esses itens.

Fundador do PT e que tinha na ética sua principal bandeira de lutas, o presidente Lula vive um governo conturbado, envolto a denúncias de corrupção de ex-dirigentes e ex-deputados de seu próprio partido, malversação do dinheiro público, tráfego de influências e uma interminável lista de acusações que culminaram com a demissão de ministros e outros importantes auxiliares de seu governo, ao mesmo tempo em que se livraram da cassação outros deputados igualmente envolvidos no esquema de recebimento de propina, que ficou conhecido como mensalão.

E o presidente Lula sempre insistindo que não sabia de nada. Provavelmente, só ficou sabendo bem depois, através da imprensa. Acredite se quiser.

O mais curioso nessa história é que por bem menos, muito menos, mesmo, Fernando Collor teve o mandado cassado. Certamente Collor deve estar se sentido mais injustiçado do que nunca.

Diante do quadro nada ortodoxo em que se afigura o cenário da política nacional, o povo brasileiro deve está se perguntando se Lula conseguirá a proeza de concluir ileso o seu mandato.

Pode ser que sim. Pode ser que não. Lula pode até se reeleito. Mas ainda é cedo para arriscar um prognóstico com isenção. Porém, uma coisa é certa: na guerra em que se transformará a campanha política deste ano, os adversários não perderão a oportunidade de bombardear o líder maior do Partido dos Trabalhadores.

Será que presidente Lula, cujo governo mais se parece com uma nau em mares revoltos preste a ir a pique sobreviverá?

Quem viver verá.

Zacarias Martins
Enviado por Zacarias Martins em 21/04/2006
Reeditado em 21/04/2006
Código do texto: T143015