Vinte e dois de Março de 2056

Quando vi já era tarde.

Um sofregão, um grito e lá estava eu. Algo em torno de 18cm além do aconchego costumeiro.

Éramos muitos. Alguns definharam na preguiça, outros não estavam preparados.

Confesso que empurrei alguns para o ralo, pisei na cabeça, enfim... Eu gostei daquela bolinha. Tentadora... Vibrante...

Quando vi, já era. Fui engolido, despedaçado. Loucura total. Contemplava-me nas metades. Tal qual... Não estava mais só.

Que sono lindo e longo! Mas quando vi... Alias, nem vi... Fui expulso como um simples caroço de fruta. Cortaram o galho do balanço. Agora é respirar ou morrer. Respirei o primeiro poema... Gritado. Mas ficou guardado.

Minha garganta foi se fazendo corredor de contação.

Quando vi já era cedo e eu caminhava e cantava e amava e enlouquecia de amores pelas coisas, bichos, conceitos e sementes que germinavam perto do fogareiro de sonhos e cresciam e eram belas.

Quando vi... Nem sei se vi tudo que deveria, mas quando eu quase chorava de dor pelos espinhos que se espalhavam no rastro do comboio de invernias, quase só e sem meu balanço de catar aragens, acordei e fui pego pela mão e aí...

Bem! Aí chega você e me diz que já se passaram cem anos e que eu estou vivo e me faz perceber que precisamos sempre remecher o palheiro-vida em busca da felicidade-agulha e

que nunca será tarde.

OBS: Esta crônica foi publicada no jornal ARAUTO em Campo Grande MS faltando partes importantes do texto (provavelmente êrros na hora de copiar, visto ter sido remetido para o jornal via internet)

Darci Cunha
Enviado por Darci Cunha em 22/04/2006
Reeditado em 09/05/2006
Código do texto: T143400
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