São João e São Marcos

A pracinha arborizada,

com jardins, caramanchão,

e o coreto, bem ao centro.

A igrejinha modesta

com obras para concluir,

mas trazendo iluminados

o altar do padroeiro

e a cruz na torre, altaneira.

O vetusto casarão,

então nossa Prefeitura,

Câmara Municipal

e Palácio da Justiça,

numa união de poderes

ali somente existente.

A parca iluminação

aumentando a luz da lua

e o brilho das estrelas.

O rio correndo perto,

paraíso das crianças

e dos adultos também,

que, com o banho e a pesca,

completavam seu lazer,

Esta era a cidadezinha,

meu município querido,

ficando ao pé da montanha,

que um dia, com tristeza,

vi submerso ficar,

sob as águas implacáveis

de um tal Ribeirão das Lajes.

Acabou-se a Prefeitura,

a igreja e tudo o mais;

as águas foram tomando

a praça, ruas e casas;

o rio tão pequenino,

transformou-se em lago enorme

e o pequeno município

dos mapas foi retirado.

Mas dizem que em certas noites,

quando é forte a ventania

e a lua se esconde aflita

entre nuvens pardacentas,

no meio imenso das águas

surge uma cruz luminosa

na torre daquela igreja,

que não aceita o sepulcro

das águas dominadoras

e procura o céu escuro,

na ânsia de salvação.

Retirado do Anuário ACLERJ 1999

Hugo Roma
Enviado por Hugo Roma em 02/03/2009
Código do texto: T1465226
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