São João e São Marcos
A pracinha arborizada,
com jardins, caramanchão,
e o coreto, bem ao centro.
A igrejinha modesta
com obras para concluir,
mas trazendo iluminados
o altar do padroeiro
e a cruz na torre, altaneira.
O vetusto casarão,
então nossa Prefeitura,
Câmara Municipal
e Palácio da Justiça,
numa união de poderes
ali somente existente.
A parca iluminação
aumentando a luz da lua
e o brilho das estrelas.
O rio correndo perto,
paraíso das crianças
e dos adultos também,
que, com o banho e a pesca,
completavam seu lazer,
Esta era a cidadezinha,
meu município querido,
ficando ao pé da montanha,
que um dia, com tristeza,
vi submerso ficar,
sob as águas implacáveis
de um tal Ribeirão das Lajes.
Acabou-se a Prefeitura,
a igreja e tudo o mais;
as águas foram tomando
a praça, ruas e casas;
o rio tão pequenino,
transformou-se em lago enorme
e o pequeno município
dos mapas foi retirado.
Mas dizem que em certas noites,
quando é forte a ventania
e a lua se esconde aflita
entre nuvens pardacentas,
no meio imenso das águas
surge uma cruz luminosa
na torre daquela igreja,
que não aceita o sepulcro
das águas dominadoras
e procura o céu escuro,
na ânsia de salvação.
Retirado do Anuário ACLERJ 1999