Há dias pensando nele,  tentando arrumar 5 minutos para ligar e saber como estava. A saúde debilitada há anos e mesmo assim trabalhando como um garotinho de 20 anos. Pouco posso dizer, pois nossa convivência foi curta, mas sei de cada história deste gigante franzino, que muitos não acreditam. 

                Sempre à frente do seu tempo, voou alto, ganhou os céus e os anjos ganharam um companheiro de asas. Quando muitos pensavam em ter, ele já havia emprestado. Dizem que até fábrica de charutos em Cuba ele teve, o que não me espanta tanto, afinal deixou o boticão de lado, por algum tempo, para ficar mais perto dos pássaros. Nos falamos poucas vezes, afinal o dia a dia encurta-nos as amizades e prolonga as ilusões.

               Vinhas na França, isso não sei se é verdade, mas com certeza ele se embriagou várias vezes em conversas longas e cheias de "causos". Viajou o mundo todo e nós viajamos nas histórias contadas por ele. Uns o chamaram de arrogante, como se ser autêntico fosse um pecado mortal, outros de mestre, eu simplesmente de meu amigo.

              Do pouco que trocamos, com certeza eu ganhei muito mais do que dei. Era um Irmão, um mestre, um aprendiz passando por essa vida. 

             Agora ele voltou a voar, não como comandante de um Concorde ou Air Bus, mas como um ser iluminado pela própria luz. Voa meu amigo, voa para longe, para onde as asas são só uma imagem de tua vanguarda.

            Lamento ter esperado tanto para te ligar, e agora o único que posso fazer é pedir a Deus que mostre a tua nova jornada. Hoje você sai de minha lista de emails, para entrar na lista dos inesquecíveis.
          
          Adeus meu amigo aviador. Adeus meu amigo dentista. Adeus Dr.Humberto F. Cerruti Filho