QUALIDADE A QUALQUER PREÇO (Quantidade X Qualidade)

Claudeci ferreira de Andrade

Muitos de nós suspeitamos um pouco da escola que se diz de qualidade, mas quando sabemos ou lemos das pretensões “a qualquer preço”, tais como as medidas para a diminuição da evasão escolar, progressão continuada (aprovação automática) e até oferecer vaga para quem quer que procure em qualquer época, descobrimos que há má-fé e mentira astuciosa em algum setor.

Trabalho em uma sala de 8º ano, em uma escola municipal, com 50 alunos devidamente matriculados, na qual, no mínimo 45, todos os dias, comparecem; também, o lanche dá uma forcinha! Indisciplinada, sem controle, uma das piores que já conheci. Mas, nesta semana, já quase fechando o primeiro bimestre, deparei-me com um aluno novato, que o matricularam, exatamente naquele 8º ano superlotado. São 51, “uma boa ideia”, alunos agradecidos pela vaga na escola, falando bem, talvez, assim, assegurem a "qualidade"!

De modo semelhante, o olhar unilateral quase se tornou uma prática corriqueira entre os burocratas da educação que visam somente quantidade. Entretanto, demasiadamente ludibriados por essa Imposição social, muitíssimo simplista, querem “tampar o sol com a peneira”. Eles querem salvar apenas sua pele e estão se apoiando em sua consciência cauterizada a fim de suster a garantia de seu sucesso como gestores populistas. Mas, com “a boa ideia” de primar pela quantidade sobre a qualidade, a evidência vem à tona e desaparece como a sombra na água. Este é o Ato de má-fé, a mentira astuciosa.

É semelhante a uma brincadeira cruel. Tudo isso pode dar ao professor o direito de desconfiar da busca pela qualidade tão recomenda por retórica apenas. Se não for desilusão, será desespero. O que resta se as resoluções do conselho, que pretendem zelar pela a qualidade do ensino, são desrespeitadas?

Suponho que o problema não está com as resoluções do conselho da educação, mas em nossa compreensão delas, talvez. Quando são enfatizados os interesses políticos egoístas, aí acontece um cegamento e consequentemente, essas barbaridades; falhamos! Então concluo que a luta maior é do professor que recebe o rótulo de “sem domínio de classe”, “sem conteúdo” e o sem tudo.

São muitos os "Felipes" e as "Larissas" que se estragam pela exorbitante transigência de seus pais, que não se preocupam com a qualidade da educação para seus filhos (já que a escola faz pouco caso, os pais deveriam se preocupar). Nós professores queremos classes com 20 alunos para uma dedicação equilibrada, como se alunos não representassem dinheiro na escola (PDDE), isto é, quanto mais aluno mais verbas para a escola. Então, como equilibrar qualidade e quantidade? Sou um sem domínio de classe sim, pelas circunstâncias, mas também como provarei meu domínio de conteúdo? Eu só peço a quem domina meu direito, uma chance para sobreviver.