07 - A ESPERA

Não passar no exame de seleção para o SENAI, no entanto, era tão somente, ficar na prateleira por mais alguns anos aguardando por uma grande chamada que com certeza a empresa faria.

Buscar uma oportunidade no comércio e nas pequenas indústrias, normalmente serralheria ou marcenaria aprendendo assim, um oficio ou ainda no aprender a mexer com carro nas pequenas oficinas, também era moda.

A vida não era fácil, tínhamos grandes aspirações, mas, até os sonhos tinham que ser divididos com muitos, a começar pela irmandade numerosa.

Quase sempre os da nossa geração podiam contar quatro ou cinco irmãos nascidos antes dele, mais três ou quatro depois, desta forma, tínhamos que cavar as oportunidades.

Outras perdas até aconteciam, pois viver já em si, um perigo de morte, no nosso caso de famílias enormes era até comum país com mais de quinze filhos, aí já da para imaginar as dificuldades.

Quando vingavam todos era “família criada, trabalho dobrado”, não só na questão da manutenção: Feijão e arroz comprados no comércio local ou no Armazém da Cia. Vale do Rio Doce, na base do saco fechado, a gordura do leitão criado no fundo do quintal, para desespero dos vizinhos e dos moleques que ganhavam mais uma atribuição, “lavar todos os dias o chiqueiro para eliminar a fedentina e muitos bichos nos pés”.

Salvos todos, do nascer à adolescência, trabalhar o futuro passava pelas oportunidades e estas eram como um cavalo arreado passando à sua frente, perdida a oportunidade... Já era!

E ainda o é!

A vida corre célere como que extrapolando o bolero

cantado e dançado nos bailes da vida e nas horas-dançantes na Sedinha do Valeriodoce.

Morar no Bairro Campestre sempre foi o máximo, pelo menos encontrávamos de tudo para atender as nossas necessidades momentâneas: espaço para brincadeiras o Estádio Israel Pinheiro, boas escolas o Hospital Carlos Chagas, a sede do Valério, a Igrejinha (ainda que só tivéssemos missa só de vez em quando), bem diferente do momento atual com Padre em tempo integral, ministros e coral. Agora temos até Seminário para formação de novos religiosos, depois vamos falar da importância da Igreja Nossa Senhora da Piedade, carinhosamente chamada de Igrejinha.

- Esta também será outra conversa!

Hoje os da minha geração, aqueles com quem conversamos quase todos os dias insistem em afirmar:

– “na nossa época não havia grandes frustrações”.

No máximo era não passar no vestibulinho para a Escola do SENAI, pois, esta era a porta de entrada para a Companhia Vale do Rio Doce.

Informações ao leitor:

Esta história completa compõe-se de nove outros textos:

01- Futebol no Campestre um caso...

02- A Galera

03- Os caminhos da Chácara.

04- A Chácara Minervino Bethônico

05- As aventuras

06- Como disciplinar

07- A Espera

08- Campestre, O bairro, um caso de amor

09- Das belezas naturais

(POSTADO EM RECANTO DAS LETRAS, DIA 00/06/09)

VEM AÍ O ENCONTRO ANUAL DOS CAMPESTRINOS!

AGUARDE, PARTICIPE!

CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 23/06/2009
Código do texto: T1664062