41 - ATÉ QUE ENFIM, FÉRIAS...


















        Foto da Praia do Morro - Guarapari - Espírito Santo

Enfim, a tão esperada! Como a noiva no altar, ansiedade no corpo, na alma. Navio aguardando o porto, o sol o amanhecer. À noite esperando as estrelas eu esperando por ti: bendita.

Como poesia ensaiada, frio na barriga, preparação de exame, prova de seleção. Tudo que se quer e queria. As meninas a toda hora perguntando? Pai é hoje, amanhã? - Não, ainda falta uma semana!

Compras antecipadas, short, maiô, camisetas, biquínis, toalhas novas, saída de praia, chinelos. Novos filmes para a velha Kodak. Viagem sem fotos não vale, melhor registrar tudo. Água da pedra escorrendo, caindo em cascatas, cachoeiras de flores no campo, numa vista muito rápida registrada, imagem distorcida tecnologia ainda falha, marcada em preto e branco. Depois, novas cores incorporadas, amarelando com o tempo, no álbum ou no fundo da gaveta, assim transformada pelo tempo.

Dizem, o melhor desta ou daquela viagem, é esperar por ela. Roteiro sabido e decorado: Itabira ao trevo de Monlevade, descendo pela rodovia 381, sinuosa, perigosa, cada curva uma história marcada por cruzes. Sinal da imprudência ou desleixo do DETRAN/MG, ou Federal, agora DENIT. Mudam-se nomes e siglas, mas o perigo continua o mesmo, quer dizer, bem aumentado. Correto? Sinal do desenvolvimento traduzido em número de carros e imprudentes e desatentos. Agora na 262 (BR) novas e velhas paisagens, perigos aqui e ali. Vamos devagar com o andor... Tanta pressa pra quê? Pra onde você vai já está tudo acertado. Deixe de lado a correria, rapaz. Se tem pressa, saia mais cedo. Não vá colocar vidas em risco.

No quase entroncamento do trecho de Piracicaba, desvio de direção: Goiabal, São José, Abre Campo. Parada da Cotochés. Descanso às pernas e leite gelado no balcão. Pão de queijo bem quentinho, refrigerantes, água, banheiro, por que não? Não se esquecendo de encher o tanque, repor gasolina gasta. Anotações, tanque cheio, estimativa de nova parada só em Realeza. Novamente repor estoques do isopor e dos tanques. Até parece que as crianças consumiam mais do que o carro. “Mãe, me dá isso... Me dá aquilo?!” A outra: “Quero fazer xixi agora!” “Mãe, fulana ta mexendo comigo... Puxando meu cabelo”! DEUS ME LIVRE! Mesmo assim, tento compreender: é ansiedade pra ver o mar, meter os pés na areia, correr, saltar, brincar, esperar pelos coleguinhas. Outros além daqueles que iam conosco em comboio. Alguns foram mais cedo, dias antes. Outros viram  nos próximos dias. Penso, se a ansiedade ataca os adultos, quem dirá às crianças!

Reposição das energias, etapas completadas. Vamos em frente.

Passando em Aimorés, divisa de Minas com Espírito Santo. Ibatiba, Venda Nova do Imigrante, alívios suspirados... Estamos perto! Novamente restaurante, almoço. Gasolina, tempo de racionamento de petróleo, consumo vigiado, atento, posto aberto na rodovia, somente nos dias de semana, fechado aos domingos e feriados. Preocupação a mais pra quem busca só lazer, passeios, descompromissos.

Guarapari à vista!
Ufa - Chegamos!

Levantar bem cedo pra não perder na praia o melhor lugar: proximidade de ducha de água doce, contatos com donos de quiosques, jogar conversa fora. Bons papos, caminhadas nos dois quilômetros de praia enquanto está vazia. Picolés, sorvetes, milho cozido, pamonha, salgadinhos, refrigerantes, quase sem limites. Afinal, dinheiro economizado o ano inteiro para a bendita.

Reserva de apartamento ou casa. Reserva no Santa Mônica, no Igloo ou Free Time, local mais perto de Guarapari, distante mais ou menos dez minutos. Claro, dependendo do seu carro ou da época. Fim de ano, grande tumulto. Mas nada se compara à época de carnaval. Na praia dos mineiros/cidade saúde, infraestrutura é pouca para tal multidão. População triplicada e dobrada outra vez. O inferno nas benditas!!! Vontade de vir pra casa, mas só depois de 10 ou 15 dias, não sou besta, Nem de ferro.

Sei o que me aguarda até nova oportunidade e nova preparação, aliás, bom mesmo das férias é esperar por elas. 30 dias, melhor dizendo, só 20, para aumentar a grana, a empresa consentia: vender 10 dias a coisa certa a fazer. Quanto ao mais, dia e hora previamente acertados, carro revisado, lubrificado nas partes de baixo com óleo de mamona, bateria conferida, alternador, palhetas, borracha da banda de rodagem preparada para rodar três mil quilômetros ou mais.

Enquanto isso, em casa, a mulher nas tarefas a mais do dia a dia. Lista feita, preparação tomando seu tempo. “Que bom seria”, ela achava, “se os dias tivessem mais horas para dar conta da casa, crianças, gato, do cachorro e do marido” que levava para passear às tardes, depois do serviço. Tudo isso e ainda mais. Caixa de isopor com gelo, sucos, pacotes de biscoitos, tudo isso em preparação, arrumar malas e bolsas. Não sei para que tantas, se tudo que se pretende é quase sem roupa ficar na maior parte do tempo! Então, continuo não entendendo. Tantas roupas, calçados, creme para os cabelos, xampu deste ou daquele: para cabelos cacheados, macios aveludados, tingidos, esticados a ferro e a fogo, chapeados, hidratados, frizados e humilhados: para um só tipo de cabelo, pelo ao menos aqui em casa: duro, crespo, emaranhado. Não sei pra que tanta sutileza no mercado e  na compra elaborada.

As férias acabaram. Hoje, último dia. Retornando ao serviço na Companhia e aos colégios. Ano que vem, se Deus quiser, eu espero, benditas férias. Assim, por anos e anos, agora filhas crescidas, cada um na sua. Na nossa, só as netas. E, mesmo assim, nova visão, nova oportunidade, novas tecnologias, para registro de instante, do momento. Se bem que enquanto crianças tem novas demandas, novos conceitos. Nesta nossa curtição de férias em família, para elas só quando tiverem seus filhos. Para nós, bisnetos. Aí quem estará em outra, somente nós. Cuidar de filhos e netos, sim. De bisnetos, “dô conta não”!
CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 23/06/2009
Reeditado em 02/11/2010
Código do texto: T1664075