"SE A VIDA ME DER AS COSTAS, PASSO A MÃO NA BUNDA DELA"

Por Carlos Sena


 
Para este domingo, meio "pé de cachimbo e sem touro valente", incursiono no universo da reflexão. Na verdade, refletir, tem sido uma ferramenta muito importante que nós, modernos, estamos desprezando um pouco. Evidente que não queremos inventar a roda, nem descobrir a pólvora. Mas torna-se imperioso que não nos percamos no cotidiano que a tudo nivela, inclusive tirando-nos um pouco essa capacidade. A tão propalada internet tem sido importante para o mundo que vivemos, pois seria ingenuidade imaginar, hoje, o mundo sem ela. Sem o telefone celular, sem a televisão, sem o café solúvel, sem o computador e o laptop, sem o flocão de milho, sem o self-service, sem a lan house, sem as colheitadeiras no campo, sem a energia elétrica em suas mais diversas formas, inclusive solar, sem a rapidez dos aviões (a despeito do vôo 447 da Air France), cem mil outros poderia listar.

O pensamento não se fabrica, nem se vende em caixas de supermercado, muito menos a inteligência; muito menos o conhecimento que transcende o formal disseminado pelas escolas e universidades. Neste viés, foco meu domingo para a visão de mundo e o sentimento dele, pois não basta dispor de bens de consumo sofisticados, nem de graduações diversas, nem de mestrados, doutorados. Pode ser também, mas não é só isto que definem conceitos e práticas sociais importantes de solidariedade e respeito aos semelhantes, especialmente quando esses iguais são diferentes. Transversalizando esse aspecto, nada mias chato do que conversar com determinados "novos ricos". Suas falas no geral são de bens de consumo que compraram, filhos que mandaram para conhecer a Diesney ( no geral nem conhecem as principais capitais do Brasil, escrevem mal e falam péssimo com gírias chulas), só para não ir além de outros fatores.

Seguindo essa vertente transversal, refleti sobre esses temas conduzidos pela traição das palavras, pois o sentido era digerir um pouco do meu domingo bucólico acerca da reflexão. Como as letras nos traem, não sendo só privilégio dos humanos, sinto que "gastei" tempo além do necessário e não fiz o que me propus, pelo menos no totalidade. Tento me redimir: cito a seguir trechos polêmicos e maravilhosos de três consagrados escritores/pensadores do cotidiano. Irreverentes, contraditórios, não importa. Suas verdades estão nas entrelinhas, seus deboches me fascinam, especialmente o pernambucano Nelson Rodrigues e Oscar Wilde. As citações foram transcritas de um artigo do ex-ministro da Fazenda e Meio Ambiente, hoje consultor Gustavo Krause, no Jornal do Comércio intitulado "Politicamente Correto".

Nelson Rodrigues:

“As feministas querem reduzir a mulher ao home malacabado”.

“Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada, não há amor possível”.

“A velocidade é o prazer dos cretinos. Ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca”.

“Se a vida me der as costas, passo a mão na bunda dela”.

“Jovens envelheçam depressa. O jovem só pode ser levado a sério quando fica velho”.

“Aos dezoito anos, o homem não sabe como se diz bom dia a uma mulher. O homem devia nascer com 30 anos feitos”.

“Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos”.

“Só o cinismo redime o casamento. É preciso muito cinismo para o casal chegar às bodas de prata”.

“Reacionário, no sentido que conheço, é a esquerda brasileira que tomou o lugar da direita”.

Oscar Wilde:

“A cada boa impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre”.

“Quando eu era jovem pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza”.

“Um homem pode ser feliz com qualquer mulher desde que não a ame”.

“Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal”.

“Devem-se escolher os amigos pela beleza, os conhecidos pelo caráter e os inimigos pela inteligência”.

“A moda é uma variação tão intolerável que tem de mudar de seis em seis meses”.

“A coerência é a virtude dos imbecis”.

“Experiência é o nome que damos aos nossos erros”.

“Resisto a tudo, menos a tentação”.

Henry Louis Mencken:

“O amor é o triunfo da imaginação sobre a inteligência”.

“O adultério é a aplicação dos princípios democráticos ao amor”.

“Pode ser um pecado falar mal dos outros, mas raramente será um engano”.

“A democracia é a arte de administrar o circo a partir da jaula dos macacos”.

“O homem inteligente quando paga seus impostos, não acredita estar fazendo um investimento prudente e produtivo do seu dinheiro; ao contrário sente que está sendo multado em nome de uma série de serviços que, em sua maior parte são inúteis e até prejudiciais”.

“Todo governo é composto de vagabundos que, por um acidente jurídico, adquiriu o direito de embolsar uma parte dos ganhos dos seus semelhantes”.

“Todo homem decente se envergonha do governo sob o qual vive”.


CARLOS SENA, dos arre(DORES) de Boa Viagem.