A Memória de Jundiaí, perde mais um patrimônio

A memória de uma cidade é necessária para que ela mostre que houve várias etapas a formaram e mostrem sua passagem tanto no tempo, como no espaço. Suas construções são a forma mais evidente que testemunham os bens culturais que a fizeram ser o que é. Para tanto, é preciso também ter um olhar para a arquitetura , divisão física e urbana que ocupou e ocupa numa cidade.

Jundiaí, surgida no século XVI , foi sendo ocupada aos poucos pelos seus primeiros povoadores ,afugentando silvícolas , primeiros donos das terras ao lado do rio Jundiá a se abrigarem aos pés da Serra do Japy, foram fazendo suas casas, em torno onde hoje é o centro de Jundiaí. O povoado passou a Vila em 14 de dezembro de 1655 com o nome de Vila Formosa de Nossa Senhora do Desterro de Jundiahy, e com isso, passando a ter direito à Câmara Municipal o que dava uma certa autonomia à Vila, governada por vereadores , formada pelos ‘homens bons’, que eram donos de terras, tendo com isso, certa independência política, mesmo em pleno período colonial.

Com o império, a economia cafeeira acabou trazendo a ferrovia no Brasil. O Estado de São Paulo por ter várias fazendas de café, acabou recebendo uma construção de várias linhas das ferrovias por empresas inglesas, como a Estrada-de-Ferro Santos a Jundiaí, que como o nome dizia, de Santos a Jundiaí e que seguindo para o interior, foi era a Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Além dessa, foi construída a Estrada-de-ferro Sorocabana, que seguia de Jundiaí para o interior paulista.

Devido à sua posição geográfica privilegiada, e a sua importância econômica, a antiga Vila passou a Cidade em 28 de março de 1865 . Um dos bairros de extrema importância surgiu : a Vila Arens, pois era a ligação entre a estação e a cidade, muitas vezes feita com bonde a cavalo, que seguia para o centro, que fica numa colina, pela ponte, conhecida como ‘Ponte Torta’.

A Vila Arens é uma parta importante na história da cidade de Jundiaí, principalmente a rua da Estação, hoje Barão do Rio Branco.

Foram feitas diversas construções ao longo da rua, e entre elas, quase ao lado da estação de trem Santos-Jundiaí. Em 1912, também surgiu uma pensão que recebia os imigrantes, que vinham de São Paulo, entre eles muitos italianos.

Depois o mesmo prédio serviu, até a década de 60, para abrigar uma escola , o GEVA, ‘Grupo Escolar Vila Arens’, que se mudou para um edifício construído na Vila Progresso.

A antiga pensão tornou-se Hotel, e agora está sendo demolida para dar lugar a um shopping.

A memória da cidade perde mais uma de suas referências. Uma cidade sem memória, não tem história.

Regina Dragiça Kalman ( professora de História - Dezembro de 2007)