Contam na história que o Brasil sempre foi uma terra de oportunidades e oportunistas; ninguém desde Cabral veio ou chegou aqui por acidente com a intenção de fundar ou criar uma pátria séria, produtiva e soberana; vário marcos histórico prova minha teoria e continuarão provando por pelo menos mais 120 anos, que somos incapazes de enxergar e inábeis aos rumos da mudança. Anárquico, eu? Não! Sou um crítico não por sê-lo apenas; sou um crítico, porque conheço a história um pouco mais do que a maioria (sem falsa modéstia) e porque vivi tão bem parte desta história que me orgulho em passar para as próximas gerações, se tiver tempo, é claro!
 
O oportunismo já começou com a própria expedição de Cabral e aquela historinha medíocre de que ia para as Índias e por acidente aportou por aqui; depois vieram as tentativas de invasão, começando com a Guerra dos Bárbaros que poucos professores sabem ou insistem em explicar. Uma guerra luso-francesa se instalou depois por causa de madeira, o pau-brasil; a covardia e preguiça dos brancos instauraram aqui um dos movimentos de maior selvajaria e truculência, que foi o período de escravidão; Maurício de Nassau a mando da coroa holandesa tentou tirar a “sua lasquinha” e depois disso, sem querer citar revoltas menores, Portugal reinou absoluto até o advento imbecil e sem nenhuma importância da Proclamação da República.
 
O infeliz e trouxa Pedro I agiu igualmente ao seu pai, Dom João VI; covarde e sem alternativa, Dom João VI fugiu de Portugal para não se enxergar preso ou morto por Napoleão Bonaparte e o mesmo fez Pedro I, que para não perder as regalias de monarca e as prostitutas baratas do cais do porto do Rio de Janeiro, arquitetou uma pantomima sem nenhuma importância às margens do Ipiranga para proclamar a independência do Brasil em 1822.
 
A famosa independência do Brasil deflagrada por Pedro I teve tão pouca importância que em diversos outros lugares do Brasil, ninguém o reconhecia como autoridade ou devidamente capacitado a desempenhar tal papel histórico; a prova maior disso tudo anda esquecida nas salas de aula e pouco citada nos livros de história; mas uma prova que relutamos em conviver com a verdade dos fatos e aceitar a nossa incapacidade histórica. Somente após a deflagração da Independência da Bahia, ocorrida em 1823, mais precisamente a 2 de julho daquele ano, foi que Portugal reconheceu a condição de Brasil livre de suas garras.
 
O detalhe histórico é que durante a revolta baiana, não houve heróis ou mártires citados nos relatos, salvo a bravura das pessoas humildes e dos negros ainda escravos; este movimento, caso alguém não saiba, começou antes mesmo de Pedro I gritar no Ipiranga, ele começou em 1821 e já mobilizava um exército de bravos anônimos que lutariam bravamente pelo ideal de um Brasil livre; as sementes desta luta heróica foram plantadas lá pelos idos de 1799 entre a triangulação de informações vindas das Minas Gerais, que teve o nome de Conjuração Baiana.
 
O reinado de Pedro I não duraria muito; pela segunda vez oportunista, foge do Brasil em direção a Portugal para assegurar-se que sua filha fosse a monarca portuguesa e para cuidar do Brasil deixa uma criança de 14 anos, seu filho Pedro II, que se tornara imperador e soberano daqui. Dom Pedro I queria mandar no Brasil e Portugal, mas alguns historiadores e estudantes brasileiros insistem em tê-lo como herói, como um benemérito!
 
Falar do período de Pedro II é pura perda de tempo; ele necessitava fazer algo mais do que seu pai para se manter no trono brasileiro; era tudo que lhe restava! Faltou, todavia, por parte do último Imperador do Brasil, a capacidade intelectual de fazer acordos e manter os injustos próximos de si; com o Brasil crescendo e aparecendo no cenário mundial o que não faltaram foram os outros oportunistas que sempre adoraram a palavra “golpe”. Aliás, o “golpe” a quem passo a descrever, foi na verdade um coice na cabeça de Pedro II, que pensavam mesmo estar “abafando” no Poder.
 
Desde 1870 que o Imperador já não conseguia ter do seu lado as cabeças pensantes do Brasil; ele que desempenhava um papel acima da média esperada para um monarca que vinha de uma linhagem complexa, mimada e usurpadora, esperava sim que seu Governo fosse mais duradouro e até que conseguisse deixar no trono um sucessor, neste caso, uma sucessora, que seria a Princesa Isabel, aquela mesma que fez seu lobby libertando os escravos, mas os planos foram por água a baixo.
 
Um golpe militar depôs o Primeiro Ministro do Império, o Visconde de Ouro Preto, por incentivo de pessoas lideradas por Benjamim Constant. Em 15 de novembro de 1889, às pressas e se aproveitando (mais uma vez) de uma oportunidade rara, o Marechal Deodoro Da Fonseca proclamou a República em São Paulo e tratou logo de enviar a família imperial para o exílio. Dizem, mas eu duvido, que a queda de Pedro II e da monarquia, só ocorreu porque as elites estavam infelizes com a abolição da escravatura e a intervenção do Imperador nos assuntos da igreja; traduzindo, o golpe foi programado entre os militares e a igreja, um casamento que, aliás, jamais deixará de existir.
 
Nascia então à REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL e seu primeiro Presidente, assim como outros tantos, não aconteceu pela vontade popular e durante quase meio século, São Paulo e Minas Gerais eram os únicos que indicavam os Presidentes do Brasil; deste jeito a república se manteve até 1930, quando entra em cena o gaúcho Getúlio Dornelles Vargas.
 
A república brasileira se traduz em antes e depois de Vargas, isso com certeza; do período infantil e desinteressante dos desmandos do Café com Leite até o início da primeira ditadura moderna. Vargas que sempre foi considerado o “pai dos pobres”, pode ter sido tudo para os pobres, mas para o Brasil não passou de um padrasto cruel e mais uma vez oportunista; o pai dos pobres só favorecia financeiramente os seus amigos e aliados! Um homem que se aproveitou das fraquezas intelectuais para se apoderar do Poder por 15 anos e como também afirmam os historiadores, por pouco não se alinhou a Hitler durante a Segunda Guerra.
 
Vargas ainda conseguiu, sabe-se Deus como, se eleger por mais um capítulo da história, cinco anos após deixar o Palácio do Catete, saindo derradeiramente em 1954 após ter ele próprio deflagrado um tiro no coração; saiu do Poder para entrar na história!
 
Após a Era Vargas o Brasil, já adulto, mas bobo, ainda procurava um sentido para ser uma república; Juscelino Kubitschek seria uma alternativa para este sentido, mas os militares não permitiram uma república democrática; após Juscelino, veio Jânio Quadros, mais um maníaco, que renunciou o cargo e deixou o legado chamado Jango, João Goulart, gaúcho e amigo de Getúlio Vargas, mas 1964 os militares resolveram assumir as rédeas do Brasil. Em 1967 eles muram o nome e o Brasil passou a ser a República Federativa do Brasil.
 
Os militares ficaram no Poder por meio a força de 1964 até 1985; 21 anos impelidos na lata do lixo; uma república que deveria ser “coisa pública”; esquecendo a anfibologia entre república e democracia, o período de ditadura militar pode sim ser desqualificado como republicano, porque pelo próprio conceito, uma república não pode servir aos interesses de minorias e foi isso que ocorreu naquelas duas décadas de mortes, medo, pavor e truculência.
 
Depois de 1985, quando todos achavam que tudo iria mudar, vejam que morre Tancredo, surge Sarney; nasce Collor e Itamar e somente em 1994 o Brasil pode ver de fato o conceito republicano e democrático nascer e florescer através de Fernando Henrique Cardoso e posteriormente com Lula, que se mantém até hoje.
 
Nestes 120 anos de república o Brasil não foi tão feliz quanto merecia; o povo brasileiro acostumado a carregar pedra na cabeça para erguer adventícios monumentos e avenidas que cortariam seus próprios pés, sofreu o bastante para se tornar medroso e de cérebro atrofiado. Em mais de um século de regime que deveria ser meramente popular e que também deveria proporcionar o crescimento interno através da educação, mas nada disso foi aplicado e nada disso foi sequer tentado.
 
Do ponto de vista histórico, as repúblicas e o republicanismo surgiram em contraposição às monarquias, consideradas, devido ao seu caráter absolutista, como opressoras e prisionais. A primeira república de que se tem notícia é a romana, fundada no século V a. c., exatamente em contraposição à monarquia etrusca; aqui no Brasil, como observamos, não foi diferente, mas o propósito que foi o mesmo não se alinhou aos atos seguintes.
 
A liberdade como não-arbitrariedade avalia que as leis não são fundamentalmente obstáculos à ação individual, mas são eleitores das liberdades: sem leis, ou seja, sem Estado não é possível a liberdade. Porém, os cidadãos não participam da vida política o tempo inteiro nem é o "povo" reunido em assembléia pública na ágora o autor das leis; a atuação dos cidadãos consiste em exercer um papel de fiscal e controlador do Estado, pelos mais variados meios, de modo a evitar e a impedir as arbitrariedades estatais. No modelo de Pettit, o processo legiferaste continua nas mãos dos representantes eleitos, ou seja, dos deputados. O grande exemplo histórico é a Roma republicana, anterior ao Império e ao governo de Otávio Augusto; por esse motivo, essa teoria também é chamada de "neo-romana". Alguns grandes teóricos republicanos históricos são Cícero, Nicolau Maquiavel e Algernon Sidney.
 
Por todos os ensinamentos do conceito republicano, podemos até dar Graças a Deus pelos 120 anos da instalação dela aqui no Brasil, mas pela observância generalizada de fatos, sabemos que ainda estamos há 120 anos, pelo menos, da aplicação da mais alta acepção da palavra “república”; uma república precisa de um “presidente” e um presidente precisa ser eleito; nestes 120 anos, poucas vezes tivemos um de verdade!
 
Desejo muito ver um dia a Ordem, o Progresso, a Fraternidade e a Liberdade do povo Brasileiro!
 
 
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
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Enviado por CHaMP Brasil em 14/11/2009
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