"O BICHO FALA"

Emídio, motorista competente, profissão que desempenhava com orgulho e dedicação, se aposentou. Como era muito feioso, contudo falante e conhecia muita gente, resolveu entrar para política e se candidatar a vereador. Fez uma campanha danada de corrida.

Corria das “meninas” que “trabalhavam” na noite, as quais, ao se sentirem pressionadas para votarem nele, terminavam colocando Emídio pra correr sempre que ele aparecia. Razão que o levou a desistir do sonho de ser vereador cujo slogan de campanha versava sobre a defesa da “linda, alegre e generosa classe social”.

Foi então ser motorista particular de um dos diretores da empresa que eu trabalhava. Sua chegada causou certo reboliço, pois se deu justamente nesta época do ano.

Em nossa confraternização, franqueada para familiares e amigos, Emídio, tentando se “apaziguar” com as “meninas,” – quem sabe um dia ainda não viesse a realizar seu sonho? - as convidou para a festa.

Lá pelas tantas, com muito “ruído”, em suas roupas coloridas, cujos decotes encontravam as bainhas das saias, para a alegria dos “rapazes”, elas chegaram.

A confraternização por pouco não acabou em pancadaria e passamos alguns Natais sem festa de confraternização.

Mas, como tudo tem um dia, finalmente, fomos a “forra” com o Emídio!

Em pleno expediente, no meio da maioria de nós, funcionárias, uma garotinha de dois anos, filha de uma amiga que nos visitava, começou a chorar e gritar.

Pensando que a mãe tivesse beliscado a garota, Emídio, o qual acabara de chegar, todo solícito, jeitoso, maneiroso, correu em socorro da menina e lhe perguntou o motivo de tanto chororô e ela apavorada, apontando para ele gritou:

O BICHO FALA!!!!!!!!!! O BICHO FALA!!!!!!!!!! O BICHO FALA!!!!!!!!!!