A Lei da Impermanência

"O que nasceu há de morrer,

O que foi reunido se dispersará,

O que foi acumulado há de esgotar,

O que foi construído há de ruir,

E o que foi elevado há de baixar."

Buda

Sou estudante da filosofia oriental há vinte anos. Aos doze anos de idade fui apresentada ao I Ching e treinada pelo meu pai - ele mesmo um grande conhecedor e estudioso do I Ching - no profundo conhecimento deste livro milenar chinês. Aos 24 anos de idade converti-me ao budismo e passei a estudar seus preceitos com disciplina monástica.

Através desta busca espiritual incessante descobri que há uma única lei imutável na vida: a lei da impermanência. Nada dura para sempre, nada poderá se manter eternamente sob uma única condição.

A causa de todo sofrimento humano está na raíz do desejo e do apego. Esta busca insana pela estabilidade de todas as coisas e relações deixa o homem doente. Para o budismo, este mundo de ilusões em que vivemos chama-se Samsara. No Samsara temos a falsa sensação de prazer e bem estar. O problema é que tudo aquilo que nos traz felicidade no universo do Samsara é instável e não pode ser mantido de forma permanente.

Os homens creem que o propósito da vida é o acúmulo de bens. Todo tipo de bem: a minha casa, a minha família, o meu trabalho, o meu dinheiro, os meus amigos, o meu carro. Mas todas estas coisas que o homem pensa possuir, também estão submetidas à lei universal da impermanência. A casa pode ruir, a família pode morrer ou mudar, o trabalho pode acabar, o carro pode parar.

É muito difícil para o homem moderno, habitante dos grandes centros urbanos e cheio de obrigações diárias a cumprir, parar para olhar para dentro. Sim, estou falando de meditação. A meditação é a única forma que temos de compreender a instabilidade de todas as coisas.

Quando observamos a mente identificamos que ela parece uma pulga pulando de um lado para o outro. Milhares de pensamentos inúteis perturbam nossa mente a cada segundo! E nossas emoções acompanham estes pensamentos.

Portanto, se os pensamentos são tristes, ficamos tristes; se mudarmos a frequencia e pensarmos em coisas felizes, ficaremos felizes! Isso é só uma pequena demonstração de como somos escravos dos nossos pensamentos.

Os pensamentos dão forma às nossas vidas. Somos aquilo que pensamos. A menor forma de pensamento afeta nossa realidade. Portanto, neste próximo ano que está iniciando vamos tentar dominar nossos pensamentos ao invés de sermos dominados por ele.

Encha sua mente de pensamentos positivos, medite sobre a impermanência de todas as coisas e trabalhe a questão do desapego.

Agradeço por todos os desafios que surgem na minha vida, porque é por meio deles que cresço. Quando estamos passando por momentos tranquilos tendemos a não pensar nas questões essenciais da vida. Nos deleitamos com os prazeres momentâneos e nos esquecemos que eles também são transitórios, embora pareçam eternos e imutáveis!

Portanto o segredo é não esquecer, nem por um momento, que estamos todos de passagem nesta vida. Somos todos passageiros nesta extraordinária viagem que está indiscutivelmente programada para acabar. Cultive seu caráter pessoal, cuide da mente e de sua essência imaterial.

E seja feliz, sempre. A felicidade é o portal para transpor todo tipo de desafio e vencer todas as tempestades do pavor e do medo.