Humberto de Campos 
                   no carnaval

    Vejam o que disse o Humberto, antes de pôr o ponto final na sua crônica intitulada Os velhos e o direito ao amor:  "Quando um velho ama, é Deus e não o Diabo, que acende a fogueira no seu coração. Glória, pois, aos velhos que amam! E glória às mulheres moças que amam os velhos, preferindo ao leite do coco verde o azeite do coco maduro!..."

    Humberto de Campos, morto em 5 de dezembro de 1934, é, e não há quem diga o contrário, um dos maiores cronistas brasileiros.
    Sempre me declarei um apaixonado pela sua obra. Nas estantes que reservei para acolher meus cronistas preferidos, ele aparece na companhia de Drummond, Bandeira, Machado de Assis, Coelho Neto, José de Alencar e Rachel de Queiroz, entre outros.
 
   Tenho quase todos os seus livros. Adquiri-os, na sua quase totalidade, já faz algumas décadas, na Editora Jacson, que acredito não tenha sobrevivido ao tempo.  Outros eu comprei nos sebos de Salvador, do Rio e de São Paulo. 
       
    Humberto de Campos conquistou a simpatia e o respeito dos amantes da boa leitura porque usou, nos seus textos, uma linguagem simples e humana. Tinha um vocabulário preciso e rigorosamente apropriado para cada frase que entregava aos seus leitores. 
   Embora escrevesse com simplicidade, suas páginas evidenciavam  sua cultura robusta e profunda. Nada de textos rebuscados. Por isso, ninguém seria capaz de ler uma crônica sua e sair por aí dizendo que nada entendera. 
    
    Seu valor intelectual, comprovado sobejamente através de sua extensa obra, garantiu-lhe uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, onde foi recebido no dia 8 de maio de 1929, para ocupar a cadeira n. 20, que tem como patrono Joaquim Manoel de Macedo.

     Humberto me faz companhia, desde minha mocidade nordestina. O bom é que esta aproximação permanece firme, quando chego aos meus mais de  setenta anos de vida.  Vira e volta, e lá estou eu sendo flagrado relendo um livro do Humberto de Campo.
   Alguns desses livros estão na minha mesinha de cabeceira, que mais parece uma biblioteca, já me disseram isto. Sombras que sofrem, Um sonho de pobre, Carvalhos e roseira, Reminiscências, Contrastes e outros.

   Escrevi, repetidas vezes, que as Editoras estavam cometendo uma infame injustiça não reeditando os livros do Humberto de Campos. 
   E pedia que, por favor, trouxessem para as livrarias a obra desse belo escritor maranhense. 
   Nos meus apelos, enfatizava que a mocidade precisava conhecer um dos melhores escritores deste país, frequentado por autores de incontestável fragilidade literária. Mas sempre deixava claro que meu grito em favor do Conselheiro XX dificilmente seria escutado.

    Pois não é que, agora, a Global Editora e Distribuidora Ltda acaba de publicar um livro reunindo as melhores crônicas do autor de À sombra das tamarineiras! 
    Diz a nota da gazeta anunciando  seu lançamento: "Autor de linguagem simples e acessível, Humberto de Campos escreveu verdadeiros best-sellers  para a sua época. E a coleção Melhores Crônicas reúne uma seleção do gênero em que mais se destacou."
    Portanto, quem não for cair na folia, e desejar passar os três dias de carnaval entregue a uma boa leitura, corra, e adquira o livro do Humberto. São 352 páginas que farão qualquer um esquecer as cuícas e os tamborins.
           

Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 07/02/2010
Reeditado em 17/08/2013
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