135 - DO CARNAVAL, A VELHA LUTA

Daqui não saio, daqui ninguém me tira.
Daqui não saio, daqui ninguém me tira.

 
Embalados pelas músicas antigas podemos afirmar que a letra da marchinha carnavalesca mais ouvida nestes últimos anos representa bem o espírito das famílias moradoras do bairro.
Aqui no Campestre as festas populares sempre foram indicadoras da participação efetiva, e mesmo sem o apoio empresarial de forma direta, e o oficial também, há um núcleo de resistência que insiste em manter no ar bem mais que a eventual poeira de minério de ferro que independe da nossa vontade. A inquietação quanto o futuro do carnaval da cidade.
A principal percepção é de a cidade andar na contramão da história, bem recentemente tinha até escolas de samba, ou como exige nova legislação Grêmio Recreativo Escola de Samba
“CANTO DA JURITI”, por exemplo.
Até entendemos que novos olhares sobre as agremiações possam advir de novos conceitos que ligam projetos educacionais e pedagógicos às escolas de samba, como entes facilitadores de inserção das camadas mais pobres.
Quem viu e participou das festas de Momo sabe do declínio e quase extinção do carnaval em nossa cidade e este fato não é somente nos últimos anos. Estamos perdendo turistas não somente para as grandes cidades históricas, até mesmo para locais bem próximos a nós.
O carnaval ainda não morreu pela perseverança de bairros como Pará, Campestre, Vila Amélia e outros que insistem em fazer nas ruas e praças um exercício de teimosia levando às famílias, ainda que com som mecânico.
Veja só a triste ironia: Itabira berço de duas, digo três bandas que formam músicos em pencas já teve ótimas bandas carnavalescas que atuavam nos clubes, até mesmo os Axés. Os abnegados lutadores apontam como um caminho viável para o fortalecimento do carnaval de rua o chamado “grito de carnaval” ou “convocação geral” ao longo do ano, para fazer frente aos diversos movimentos importados.
O bairro Campestre resiste, insiste em manter acessa a chama dos grandes momentos... Disse o poeta Vinicius de Morais a respeito do amor e serve plenamente aos amores nossos de cada dia, “Seja eterno enquanto dure, posto que é chama”.
Estamos vendo a luta para manter o amor e o espírito de união das famílias Campestrinas em torno dos valores cultivados aqui: futebol, carnaval, brincadeiras de rua, Encontro anual dos Campestrinos e festas religiosas.

Há que lutar sempre, mesmo que sejamos o último bastião. É preciso resistir, brava gente Itabirana!

Et.: como estratégia, talvez seja importante incentivar o carnaval de rua, já que “estamos” uma cidade com um perfil estudantil a exemplo de Mariana, Ouro Preto, Sabará, Diamantina etc.
CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 24/02/2010
Reeditado em 05/02/2018
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