Médicos tarados

Houve um tempo que o efeito carneirinho podia ser demonstrado sem que ninguém notasse a sua aparição. Era o caso dos suicidas que se jogavam (nem é bom lembrar) dos edifícios e até viadutos nos anos setenta. A época era propícia e se tornavam o enfoque máximo dos noticiários extraordinários sempre ao vivo para azar do morto. Com o passar do tempo foram saindo do ar com perdão do trocadilho, talvez por chateação dos profissionais, sentindo que o fato especulado acabava sempre aos pedaços.

Como a expressão periódica de um número, os periódicos ampliavam certos acontecimentos motivando possivelmente tais ações desesperadas. Assim se algo bizarro faz bem aos índices, todos os canais acabam divulgando para manutenção da atenção geral hipnótica. Assim aconteceu com ufos, alienígenas, drogas, chegando agora a vez dos médicos tarados apontados, além de reconhecidos pelos pacientes com ou sem anestesia geral. Dizem que existe até os que perguntam de chofre e estetoscópio feito House: Prefere salvar a vida ou uma safadeza de leve? A continuidade de certa comunicação alcança níveis de saturação até alcançar o ginecologista suspeito de não tocar nas pacientes.

A única maneira para demonstrar insatisfação com a repetição das informações periódicas, quer dizer, do ataque massivo da mesmice, em todos os canais de televisão, é mudar rapidamente de canal; com alguma sorte o telespectador não encontrará a mesma notícia que todos aplicam no próximo. Experimentem, pois só há evolução na mudança.

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