Procura um agente literário?

Cobra cinqüenta reais para ler o texto e verificar o potencial só que não emite opinião nem relatório. Silêncio animal. Não devolve material e também não agencia poesia. O inútil Shakespeare que mora em você deverá manter uma equilibrada relação entre Montecchio e Capuleto com o mercado. Mercado em expansão derradeira: “to be or not to be, that is the question...” A tarefa de um agente literário é levar a loucura os editores que são perseguidos por eles com os originais na mão pela rua ou em casa.

Cessão, contratos, direitos autorais. Este apresenta certa preocupação com o direito ao recolhimento do escritor e até das suas mudanças de estilo. Reclama e até nina. Os autores desconhecidos ficam fora da maior parte do negócio. O autor inédito é um desgraçado, um infeliz, pois nenhum deles pretende catar valores. Todos esperam na porta o gênio. Nota: o mundo nunca pululou tanto agraciado pela genialidade moderna explícita.

Escritores geniais e até poetas são como santos, existem mais de trinta mil espalhados sobre a terra, mesmo assim o mundo continua o mesmo.

Material pornográfico é rejeitado mesmo que seja do Henry Miller.

O escritor é filho de um processo burocrático. Existe direito de expressão, direito de impressão já demais. Assim o livro como fonte de inspiração acabará sendo fonte de renda se o conteudo guardar toda a substância mísitica da psicótica floresta urbana.

Cópias enviadas demoram meses e meses e até séculos para serem reenviadas com aquela brutal recusa do silêncio animal. “É uma maneira delicada de dizer não”. O não redondo como zero feito com um copo vazio. Anexo: Por favor, esconda-se!

Divulgação fiscalizada é a promessa de alguns agentes. Taxa mensal de assessoramento está no cardápio da profissão terceirizada de escritor. Antigamente era só apertar a mão amiga que indicava uma obra para ser lida respeitosamente. O agente literário é o apadrinhamento profissionalizado.

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Cada município deveria ter obrigação de publicar um livro por ano como espécie de desafio. Uma Lei do livro.

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Publique. Publique. Publique. O mais incrível é que noventa e nove por cento dos escritores disponíveis na web não publicarão livros por falta de patrocínio. Os patrocinadores não alcançam os escritores. É um verdadeiro fenômeno virtual moderno.