Um anjo...

Eu era apenas um garoto chegando aos dez anos e morava numa fazenda onde havia uma igreja católica, religião que minha mãe seguia fervorosamente e queria, que eu, então seu único filho homem, fosse Padre. Por sorte meu pai não me deixou ir pro seminário. Digo por sorte porque, nunca tive mesmo essa vocação. Frequentava a igreja, por imposição de minha mãe, mas ignorava as orações e ficava apenas olhando as meninas.

Todo mês de maio as mocinhas se vestiam de anjos e eu adorava aqueles anjinhos lindos, de vestidos azuis, brancos, rosas, com asas e corôas. Intimamente elegia a mais bonita e logo me apaixonava.

Nossa casa não tinha forro e algumas frestas no telhado deixavam adentrar a luz do luar e parecia que a qualquer momento aquele anjinho iria aparecer voando para ficar comigo durante a noite.

Minha mãe também me obrigava a confessar e exigia que eu contasse ao Padre todos os meus pecados. Assim, eu inventava algo, como roubar uma fruta, um xingamento ou uma briga com minhas irmãs, mas não tinha coragem de falar dos meus pecaminosos pensamentos, posto que eu amava um anjo e certamente esse pecado jamais seria perdoado.

Sempre que chega o mês de maio bate uma enorme saudade daquele tempo maravilhoso onde a ingenuidade transformava tudo em alegrias e felicidades e, sobretudo, uma dolorosa saudade de minha mãe, meu verdadeiro anjo que hoje certamente está no Céu. Uma mulher lutadora, mãe dedicada de oito filhos, os quais criou praticamente sozinha,(meu pai trabalhava de sol a sol) com muito amor, carinho, sempre nos ensinando os caminhos da virtude e dando os mais altruístas exemplos de vida. Sem nunca ter ido à escola por um único dia, era dona de uma sabedoria sem par, e aprendeu a ler sozinha, na Biblia, onde decorava vários Salmos e os recitava fluentemente.

De onde estiver, mãezinha, quero agradecer por tudo que fez por mim, pelo carinho, dedicação, compreenção, a delícias que preparava com tanto amor, o macarrão caseiro, os biscoitos, os pudins, bolos e os maravilhosos pães italianos. Peço perdão por minhas travessuras e saiba, mais uma vêz, que eu te amo e que você nunca deixou de habitar meus pensamentos e meu coração. Quero desejar-lhe um Feliz Dia das Mães e dizer que mesmo distante, mesmo com muitas saudades, eu sou feliz por ser seu filho. Um grande beijo e que Deus esteja contigo... Você é meu verdadeiro Anjo...

Carlos Cabalini
Enviado por Carlos Cabalini em 06/05/2010
Reeditado em 07/05/2010
Código do texto: T2240308
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