163 - A TIRADA ...

163 – A TIRADA...

Renomeada

Nossas netas moram conosco, são cinco jóias da coroa e do coroa.

Na verdade duas delas, Lívia com sete aninhos e Sophia com oito meses moram em bairro próximo, com seus pais, nossa filha Neila e seu marido Robinho, acerca de 950 metros distantes. Porém na rua que, embora em outro bairro e com outro nome, é como se fosse, o prolongamento da mesma Rua Mato Grosso onde moramos.

Nossa casa muito grande dá para abrigar a galera todinha e sempre que a família esta toda reunida, é quase necessário usar protetor auricular tal a algazarra.

Ficamos observando nas brincadeiras os gestos que denunciam os jeitos e maneirismos de pais e avós que, na imagem, o DNA não perdoa.

Entretanto, quando elas saem por qualquer motivo, aulas, festa ou clube eu e “Dona Serginha” acabamos por ficar perdidos, neste imenso vazio.

Preciso buscar uma bengala para sustentar o peso silêncio, aí, vou para o computador e a Vó para o fogão ou máquina de lavar roupas.

Dia destes estava revendo fotos dos antigos álbuns, visto que fotografar, já foi um hobby que cultivei por muitos anos. Hoje, cultivo orquídeas, e curtimos as netas.

Revendo momentos felizes registrados em fotografias nas viagens ao litoral, fazenda ou campo de futebol o coração dispara e sai do compasso, tomado por uma carga de saudade. Necessito extravasar de qualquer jeito, este peso que sinto, antigamente caminhada, futebol, natação e peteca, hoje PC e dieta.

Chamei uma das meninas que estava por perto, no caso a Sarah, quando tinha cinco anos e mostrei-lhe uma foto tirada quando eu tinha cerca de dezesseis anos. Foto tirada na festa de formatura do ginasial... É verdade: naquela época, nos anos 60, havia formatura do curso ginasial, agora representado pela 8ª série.

Ela olhou para a foto e solenemente disse:

- Quequéissovô?! Quer me convencer que este é você? Tá pensando que o que príncipe pode virar sapo! - arrematou.

Essa foi a maior tiraaaada do ano...

(Inspirada no texto CARECA de Roberto Rego)

Verdade dita assim, na lata,

Sem preconceitos,

Pode soar como tapa,

Como se coisa pensada, fosse,

Mas, não quando cheia de carinho,

Como disse o lourinho Tomás,

Ao seu querido avozinho.

CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 10/05/2010
Reeditado em 14/05/2010
Código do texto: T2249409