O quadro

Com nitidez profunda, preso à parede, dá ao ambiente uma singeleza pelos elementos contidos: pessoas com o mesmo tamanho , não importa a profundidade que ocupa no espaço, mesmo aquelas colocadas no primeiro plano.

Uma árvore grande toma todo o lado, de baixo a cima; tão desfolhada que os galhos deixam entrever todo o outro lado. Um ninho de joão-de-barro, um outro de ramos secos entrelaçados,pendurado num galho, parece abandonados, pois não tem nenhuma ave em todo o conjunto.

Algumas plantas trepadeiras soltam seus tentáculos, subindo pela árvore, formando uma cordoalha de cipó.

As pessoas colocadas sob galhos dão a impressão de estarem penduradas pelos cabelos na árvore. Embaixo desta, um banco onde um casal sentado parece conversar. Ele está escanchado, à moda de montaria; ela, de lado, mostra apenas o tronco.

No céu escuro, uma nesga de claridade crepuscular. Fundem-se tons de azul, violáceo e amarelo.

Duas casas rústicas, de paredes amarelas, uma com portas e janelas azuis; a outra com portas e janelas ocres e estas com vidraças. Nas duas casas as portas e janelas em arco. A cobertura é de telhas vermelhas escurecidas pelo tempo.

Atrás de uma casa, uma árvore e ao lado sobressai um leque de coqueiro com uma palha derreada sobre o telhado.

Um córrego desce fazendo uma curva ao meio onde há um pontilhão, permitindo a comunicação entre os dois lados.

Margeando a água, que é de um azul cristalino, existem pedras e algumas plantas com cores variegadas. Nas pedras, duas pessoas sentadas, segurando varas de anzol com as linhas adernadas na água que se expande em ondulações circulares.

Uma árvore podada, no segundo plano, fixa o solo à margem.

Nos espaços vazios não há nenhum sinal de vegetação.

As cores mistas, fortes e suaves, de nuances contrastantes, com predomínio de tons verdes.

É uma visão bucólica, característica do agreste.

Zilda
Enviado por Zilda em 04/09/2006
Reeditado em 16/05/2008
Código do texto: T232124