182 - A FILA ANDA...
 

Agachados da direita para a esquerda: Nogueira, Rafael, Fuzil, Toledo, Gilberto.
Em pé da esquerda para a direita: Carivaldo, Edinho, Bichara, Dacruz, Zé Geraldo, Ladinho. 03/09/1962
Foto cedida pela Heloiza Diniz, filha do Dacruz.

“Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”.
                                                       José Saramago
 
 





"Mesmo que não queiramos dar a devida importância à passagem do tempo, as mais diversas circunstâncias nos chamam a atenção". 
 Hoje pela manhã, estávamos na Confraria dos Amigos do Chiquinho (antiga alfaiataria) numa daquelas reuniões aprazíveis... É bom ver um grupo de amigos reunidos batendo um bom papo! 
 
Nestes momentos de puro ócio, fazíamos uma leitura dos ótimos momentos da vida nesta e em outras cidades, visto que, inúmeras vezes surgem assuntos que nos remetem a lugares e pessoas conhecidas que passaram por nossas vidas...
 
A vida corre célere e às vezes não damos fé que o tempo passa numa velocidade de deixar as pessoas surpresas. Basta uma referência citada em comparação com algum fato novo e seguimos a exclamar:
 
- Nossa! Como o tempo passa rápido, até parece que foi ontem...
 
Aí alguém comenta que a única passagem demorada é a dos governos nos poderes, principalmente se o mesmo não tiver agradando. A vida para si é breve, longa para os outros.
 
Fora isto, os homens cada vez mais assustados, dizendo que não deu tempo de fazer tudo o que desejava.
 
Hoje éramos seis os amigos presentes na Confraria quando o assunto “tempo” aflorou. Chiquinho Alfaiate, Evandro Guerra, José Perpétuo, Feliciano Brugnara, eu e minha neta Bruna Mara que, até então, estava me esperando no carro e vendo que me demorava, resolveu me chamar.  
 
- Que isso véio você já tem neta nesta idade? - perguntou Evandro.
Sô Chiquinho, fez as devidas apresentações.
 
Incluí minha neta Bruna nesta conta, pois ela me acompanhava, embora só tenha 14 anos e não faça parte deste grupo. Aliás, não fazia, pois, numa deferência especial, solicitou que a Bruna assinasse o livro vermelho da irmandade.
Bruna hoje veio emprestar sua juventude e beleza neste grupo de idosos, que tendo cumprido na vida suas tarefas no que diz respeito à atividade laboral, pode passar algumas horas agradáveis jogando conversa fora. Comentávamos sobre o tempo, “o implacável”, e a respeito daqueles que foram dos nossos relacionamentos e independentemente da nossa vontade já fizeram a fila andar.
 
_ Veja bem, Claudionor parece que foi ontem que você formava a zaga do time do Campestre com o Uilo, agora você já está aí com uma linda neta, disse Evandro Guerra... (eu concordo, minha neta é mesmo uma linda jovem).
 
Sô Chiquinho comentou que não se lembrava necessariamente da zaga do time do Campestre, mas, se lembrava muito bem do ótimo time juvenil do Zé Moreira, o enfermeiro.
 
Falando na questão da idade, o Evandro Guerra, emérito contador de causos, dentista de boa cepa e radialista de primeira qualidade lembrou:
 
- Certo dia o João Gambá, barbeiro da melhor estirpe, pessoa daquelas de fino humor, chegou à porta da Alfaiataria e vendo as pessoas que estavam sentadas conversando, olhou para dentro, olhou para fora e não vendo mais a placa que identificava como Alfaiataria, tascou de supetão: - Isto aqui óh, tá mais para Asilo ou Museu. Nunca se viu tanta coisa velha junta... Dito isto, não esperou nenhum comentário e foi logo se mandando.
A propósito desta fala do João, lembramos que ele mesmo já partiu desta para melhor. Alguém comentou que o Toledo, antigo jogador meio- campista do Valeriodoce, foi para o andar de cima, lembrando-se também que ele fora jogador do Tupi de Juiz de Fora e Bela Vista de Sete Lagoas, com duas passagens pelo Clube Atlético Mineiro na década de 50, e que atuara também no Olaria no Rio de Janeiro.

TOLEDO - Antônio José de - Iniciou sua carreira como profissional no Tupi de Juiz de Fora e encerrou-a jogando no time do Valeriodoce Esporte Clube de Itabira-MG.

A “Confraria dos Amigos do Chiquinho Alfaiate” se solidariza com os familiares do Toledo neste momento de tristeza.
Na época que o Toledo veio para jogar no Valério vieram outros jogadores de várias cidades e de outros estados, permitindo ao clube formar uma equipe das melhores do interior de Minas Gerais, fazendo frente aos grandes times de Belo Horizonte. Tentei lembra-me da escalação do Valeriodoce Esporte Clube da época, não consegui. Terrível constatação: o nosso Valério está desaparecendo de nossa memória. Mas, se esta nos falha, ainda bem que existem os sites especializados e blogs para nos ajudar, pois, nem todos têm boa lembrança como os privilegiados Sô Chiquinho e Evandro Guerra.
 
_ E agora?”pensei. Quando chegar lá em casa vou buscar no site da FMF uma das muitas formações do *Valeriodoce...
 
*Não as encontrei! “Quase nada há sobre a equipe do Dragão em sites especializados, inclusive na Federação Mineira de Futebol”. (site oficial).
 
*Antes de encerrar esta crônica, lembrei-me de buscar socorro com o radialista Dacruz Diniz um dos inúmeros amigos do Toledo, ele que também fora jogador da ótima equipe do Valeriodoce Esporte Clube nos anos cinquenta e sessenta.
   
Mesmo depois de encerrar a carreira como jogador de futebol, o Toledo trabalhou mais alguns anos na Cia. Vale do Rio Doce.   Sempre um bom amigo bom pai de família, Toledo deixa saudades entre os que tiveram a oportunidade de conhecê-lo, certamente ele já estará formando um belo time com outros companheiros lá no Céu.
Os amigos concordam que aquela formação do Valeriodoce da época deixou saudades
 “Sô Chiquinho gosta de enfatizar que com seus noventa e cinco anos não tem pressa em deixar a fila andar, quem quiser pode passar à frente”.

PARAFRASEANDO O GRANDE JOSÉ SARAMAGO: O PAPO ESTÁ MUITO BOM, MAS, VOU ANDANDO, TENHO MUITO A FAZER HOJE. PORÉM, SEM PRESSA NENHUMA, POIS, SE CORRER O BICHO PEGA,SE MOLEIRAR E QUANDO CHEGAR A HORA INFELIZMENTE A FILA ANDA DE QUALQUER JEITO
 
“CONFRARIA DOS AMIGOS DO CHIQUINHO ALFAIATE”

 
CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 12/08/2010
Reeditado em 18/06/2012
Código do texto: T2433591