LAMPIÃO ERA DO BORDADO.

Não confunda conhaque de alcatrão com catraca de canhão. Também não pense que focinho de porco é tomada, porque nem tudo que balança cai e nem tudo que vem do céu é chuva. Nem todo choro é de viúva, nem toda formiga é saúva, nem toda rima se usa. Portanto, não pense. Pois corremos o risco de querer saber acerca de coisas esquisitas tipo: a) Um Psiquiatra é um especialista de-mente? b) Quando as galinhas morrem viram almas penadas? c) Por que os políticos fazem na vida pública o que fazem na privada? d) Jabuti em árvore é enchente ou mão de gente?

Não se preocupe com definições, porque a vida em si é indefinida. Não queira sempre andar certinho, pois a última pessoa que “andou na linha” o trem matou. Pra que servirá saber sobre o nabo, por exemplo: um legume têxtil é nabo-cetim? Pois é, a lógica do ultimo pingo na cueca é a mesma. Neste VERÃO, verifique como a bunda sua!

Trair e coçar é só começar. Afinal, chifre é coisa que colocam na “cabeça” da gente. Cada um reage como quer, pois enquanto o Mário Mata, a Florbela Espanca. O Jaime Gama, enquanto o Jorge Palma. Imaginem só o que a Rosa Lobato Faria? Contudo, ninguém acredita que a Zita Seabra para Antonio Peres Metello, tampouco que Maria das Dores de Barriga seja amiga do José Mario de Pau.

Como vemos, nem sempre alho é separado de bugalho e, com certeza, o que dá pra rir dá pra chorar. Contudo nem sempre quem ri por ultimo ri melhor, mas atrasado. E a mão que afaga é a mesma que apedreja, sem esquecer a boca que escarra, pois é a mesma que beija como a licença de Augusto dos Anjos.

Lampiaço rei do Cangão. Trocadalho dum carilho que espero não me condenem. Lampião rei do Cangaço, estrela de aço que o nordeste amedrontou. Estrela de couro, estética que o cangaço imortalizou – Vírgula da saga do sangue, Trema da violência urbana que treme até hoje disfarçada de modernidade. Virgulino cabra macho de Exu não é do “babado” é do bordado.

A notícia se espalhou pelo Brasil: Lampião, o Virgulino de Maria Bonita, seria Gay? No livro “Estrela de Couro – A Estética do Cangaço”, Frederico Pernambucano de Melo, brilhantemente apresenta esta face desconhecida da maioria de brasileiros: Lampião fazia tricô e crochê. Obrigava todos do bando a também aprenderem o ofício e, deste modo, mantinham suas indumentárias com aquela estética que todos conhecemos. Melhor que enveredar pelo lado gay que naturalmente pode ser atribuído é compreender o lado sensível, estético, do cangaço. Fica claro que Lampião era um personagem do seu tempo que, segundo contam, fazia “justiça com as próprias mãos”, por conta de ter visto seus pais serem assassinados barbaramente. Se hoje se mata gente como cachorro, imaginem naquela época em que polícia era “volante” e justiça era a dos mais fortes.

Fica claro que Lampião não era do Babado, mas do Bordado. Que todo homem é suas circunstâncias; que dentro de cada um de nós há um lado masculino e outro feminino e até o lado gay, por que não? Fica claro, acima de tudo, que Virgulino era sensível e tinha sua estética própria.

Mas se você não é feito aquele médico, para quem SEXO é uma doença, porque acaba sempre na cama. Nem igual aquele advogado para quem SEXO é uma injustiça porque há sempre um que fica por baixo. Muito menos um arquiteto mal resolvido para quem SEXO é um erro de projeto, pois a área de lazer fica próxima a de saneamento, então há motivos de sobra para um brinde. Nesse brinde, saudemos aquele contabilista para quem o SEXO é um exercício perfeito, pois “entra o bruto, faz-se o balanço, tira-se o bruto e fica o líquido. Em alguns casos pode até gerar dividendos.

Como hoje é sexta, a gente já sabe que Lampião fazia tricô e crochê, relaxemos com um bom copo de cerveja gelada. Mas se você estiver chateado porque me chamou para essa festa e eu não posso ir, acalme-se: se eu não puder mesmo ir, Paula vai!

NB – “Coragem é a arte de se ter medo sem que ninguém perceba”...

Carlos Sena, do Recífilis, digo do Recife.

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