MINHA LOLA

 
     Há anos vinha me recusando a ter um cachorro de estimação. Minha filha, por mais de dez anos, insistia em pedir e até mesmo implorar pela autorização da chegada de um cão para viver junto a nós.
 
     Vivemos em uma casa, com muito quintal, árvores e gramados, por mais de uma década. Mas, atualmente, um apartamento é o cenário de nosso cotidiano. Um espaço praticamente impossível de abrigar um animal.
 
     Entretanto, em março, mês de aniversário de minha filha única, me rendi aos seus argumentos e trouxe Lola, uma shih-tzu, para fazer parte de nossa família.
 
     Chegou como uma bolinha de lã, pouco mais de um mês, um encanto.
 
     Os meses foram se passando e, hoje, aos oito meses, Lola é a minha dona. Tornei-me sua escrava, pois, mesmo com os latidos que demonstram uma forte personalidade como a minha, me rendi às suas vontades, à sua doçura.
 
     Na verdade, com a casa cada vez mais vazia, com as minhas conversas com o silêncio agora mais frequentes, Lola se transformou em filha, amiga, irmã, companheira.
 
     Hoje, fim de feriado, fomos brindar o sol, juntas. Passeamos para lá e para cá pelas ruas do bairro, felizes, até cairmos mortas de cansaço no sofá onde tiramos uma soneca deliciosa, digna dos deuses.
 
     Agora à noite, enquanto escrevo e registro este dia ao lado de minha Lola, ela está, aqui, deitada sobre meus pés ressonando, quieta. Como eu, está tranquila, silenciosa e em paz. Isso é o que importa.






 
Foto: Denise Mello - abril/2010