LINDAS E NUAS

Dizem que quem escreve algo e publica sempre espera o reconhecimento. No caso do WWW.irregular.com.br é puro desabafo; é o meu júbilo por tudo que tenho vivido desde o ato de nascer. São os documentos públicos de todos os meus temores e todos os regozijos; são momentos de meus cárceres pessoais e de meus subterfúgios em busca de liberdade, a liberdade de conhecimento. É a tradução mais simples de tudo que fui, do que sou e do que pretendo ser.

Se eu vou à África e gosto de algo, publico para que outros possam avaliar e utilizar do mesmo prazer; da mesma forma que se vou a Jaguarão no Rio Grande do Sul. Costumo fazer o mesmo se não gosto, e resulto da mesma fórmula de publicação. Neste caso entram fatores importantes para mim; fatores que traduzem a minha personalidade e o meu caráter, como por exemplo, não escrever algo apenas para agradar a alguém ou tirar proveito material. No dia que eu pensar assim ou proceder desta forma, tenham certeza que meus testemunhos e minhas opiniões estarão com os dias contados.

EU VOLTEI A JAGUARÃO

Não foi possível conhecer tudo que eu queria na minha primeira visita a Jaguarão, cidade belíssima do Rio Grande do Sul que faz limite com Rio Branco no Uruguai. Apresentá-la agora é praticamente inútil, pois já o fiz e não mudo nenhuma vírgula de meu último artigo. De um lado, no Uruguai, Rio Branco, uma pacata cidade que vive hoje do fomento mercantil livre de impostos; do lado brasileiro, Jaguarão, uma pequenina gigante, aguerrida de história, mas que quase beirou o êxodo nas épocas difíceis provocadas pelo descontrole emocional de tantos gestores entorpecidos; entre ambas uma ponte, uma história e um sonho: - o sonho de voltarem a brilhar sem dependerem de usurpadores!

Deve haver, com certeza, inúmeras outras cidades como Jaguarão e Rio Branco, mas foi nestas duas que eu tive o prazer de ter estado; de ter vivido um pouco de meus breves dias ao lado de gente inteligente, humilde, simpática, ordeira, gente amiga!

Quando voltei a Jaguarão, nunca idealizei que meus pobres relatos subjetivos fossem retumbar com tamanho fragor. Falando a verdade, quando eu comecei a escrevê-los, foi para homenagear em principal o casal Neiva e Paganini, que me receberam com tanto carinho e de uma forma tão familiar, que nunca eu tivera sentido antes. Mas nem sempre os planos são executados conforme o programa; a crônica foi posta no “ar” e os seus reflexos começaram a vir de forma espetacular. Primeiro foram os e-mails advindos do Uruguai, onde mantenho alguns bons leitores, amigos e até alguns confidentes de minhas missivas pela igualdade no mundo; depois uma enxurrada de mensagens dos vários cantos dos pampas gaúchos elogiando os escritos; por fim o ato inesperado de ter sido recebido pelo Prefeito Cláudio Martins no Paço Municipal em seu histórico gabinete e por parte de sua equipe de governo.

Desta derradeira visita, que não será a última, à Jaguarão, falho se não agradecer ao Dr. Arnoni Lenz, poeta, dentista e político que me ciceroneou em um agradável “tour” pela cidade; ao Dr. Luiz Felipe Amaro da Silveira, mais uma vez a Neiva e Paganini, ao simpático casal Costinha e Siloca; o querido e divertido Curuca; Juan Antonio Advogado e Intelectual do Uruguai e do Prefeito de Rio Branco Robert Pereira. São pessoas como as citadas que fazem a verdadeira história de um lugar, seja pelo empenho na divulgação de seus recantos, seja pelo amor dedicado ao lugar.

Jaguarão prepara uma obra magnífica que abrolhará uma esperança de colocá-la no rol das cidades mais importantes do país, para que não seja lembrada apenas como rota de ida aos free shoppings uruguaios, o Museu dos Pampas; mas independentemente de haver uma obra, saibam os jaguarenses que a cidade sempre foi e sempre será importante. Os que nasceram ou vivem lá deveriam ter mais orgulho de seu passado; deveriam conservar o patrimônio público e se cercar de cuidados para que tudo se mantenha firme e sustentável.

Na entrada da cidade deveria haver uma placa enorme dizendo: “Seja bem vindo a Jaguarão. Aqui não há Free Shopping, mas há belezas que nenhum Free Shopping consegue vender”. Fica aqui a minha sugestão aos influentes Arnoni Lenz e Cláudio Martins!

Não importa se somos importantes, poderosos ou celebridades; se não tivermos o carinho de todas as pessoas, padeceremos cada vez mais em busca de um rumo que nos aponte a alegria. Eu que pertenço à origem aos Sertões, mas que vivi sempre a descobrir os mistérios do planeta; tive inúmeras surpresas ao longo de décadas de expedições, poucas delas foram iguais a receptividade e o carinho que me foi dado em Jaguarão no Rio Grande do Sul. O fruto de tudo isso, para mim, é o cultivo de boas e longas amizades.

Obrigado a cada pessoa que me recebeu com um sorriso; obrigado ao Uruguai por tudo que me proporcionou nestes tantos anos de visita; e obrigado a Jaguarão, minha grata surpresa perdida no mapa, que me marcou inúmeros caminhos fátuos da subjetividade da felicidade. Se estive uma vez, e voltei, com certeza voltarei mais vezes! Jaguarão e Rio Branco devem permanecer assim, lindas, nuas e cruas; lindas por natureza, nuas de prepotências e cruas de retoques desnecessários!

Carlos Henrique Mascarenhas Pires

CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 11/11/2010
Reeditado em 16/11/2010
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