COMO FABRICAR UM DELINQÜENTE

TALICIM, O CARA.

Esse é o cara. Na sua infância, era uma dominância total sobre os seus pais. Quando não conseguia o que queria, rolava no chão, e quebrava tudo que encontrava à sua frente. Não deixava a chupeta, por nada. Talissim, gostava de música, especialmente, as caipiras. Uma delas era a “Mula Preta”. Quando Talicim queria ouvir esta música, pedia ao pai.

_Pai toca a “Mula Preta”. Como sempre, o pai atendia ao pedido do filho. Mas nem sempre o radinho tocava essa música e nessa hora!...

_ Pai eu quero ouvir “Mula Preta”.Chorava e rolava pelo chão.

_ Filho, essa música não está no ar!._

_Mas toca assim mesmo. E assim, a coisa ia rolando para infelicidade do pai.

Mas Talicim, não ficava por aí. Gostava de dormir. Dormia até altas horas, apesar de morar na roça, não se preocupava em fazer qualquer coisa de útil. Quando acordava, tomava o café na cama, de preferência com pãozinho tostado na chapa, um milho verde cozido, com manteiga.

Talicim gostava de brincar. Brincar de montar à cavalo, “no pai”.

_ Pai, eu quero montar “nô cê”_ ocê deixa?

_Claro meu filho, pode montar. Aí, o pai dava o lombo para o Talicim montar.

_Ô pai, eu tô caindo, preciso botar a sela, aquela celinha do bode, ela fica boazinha prá mim, posso botá?

_ Pode meu filho. Talicim montou no seu pai ao estilo de peão, mas a sela não parava.

_Pai, a sela está caindo, preciso botar uma barrigueira._

_Bota a barrigueira, meu filho. Talicim botou a barrigueira e apertou a barriga do pai. O pai, “trotou” no quintal para agradar o filho e Talicim deliciou-se com aquela aventura. Mas não satisfeito, pediu mais alguma coisa:

_ Pai, não tenho nada para te controlar, preciso de um cabresto, igual aquele do boi que puxa tora.

_Bem, se é assim, bota também o cabresto. Cada vez mais Talicim se empertigava no lombo do pai.

_ Pai, só falta uma coisa, preciso de uma tala, um chicotinho, igual aquele que o senhor usa prá bater na mula.

_Bem filho, se é assim, pode usar o chicote, mas não bata com muita força. Assim, Talicim botou o chapéu de peão e completou sua montaria.

O tempo passou e Talicim cresceu do jeito que ele queria. Mandava em tudo, conseguia o que queria na orla da família. Mas o mundo é diferente. As pessoa daqui, são diferentes e comportam de maneira diferente. Assim, o Talicim, com seu jeito de conseguir tudo se deu mal.

Aos dezoito anos, quando se viu completamente liberado, juntou-se a maus elementos no crime da cidade grande. Participou de vários furtos e roubos e numa dessas façanhas foi implicado em crime de morte. Pegou 20 anos de prisão em sistema fechado, mas podia receber visitas da família. Na primeira visita do pai, Talicim recebeu seu pai na sala de visitas e em dado momento, completamente transtornado pediu:

_Pai quero te falar uma coisinha bem de perto, pra vocd nunca se esquecer. Chega aqui bem pertinho!...

O pai aproximou-se o bastante para que o filho falasse. Mas, em vez de falar, Talicim, deu uma dentada no nariz de seu pai e arrancou um pedaço, que começou a sangrar.

_Só quero te dizer uma coisa. Porque você deixou que eu ficasse assim. Porque não me corrigiu?-Porque concordava com tudo que eu queria?

_Estou aqui por sua causa.

Moral da historia: - Pode doer, mas custa bem menos colocar limite na ação de adolescentes.

ateleszimerer
Enviado por ateleszimerer em 09/01/2011
Reeditado em 11/01/2011
Código do texto: T2718693